Governo acorda tarde para risco energético

By | 14/09/2024 7:45 am

Seca no próximo ano pode levar à situação de 2021, que beirou o racionamento; horário de verão volta a ser relevante

 

(Opinião da Folha, em 13/09/2024)

 

Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia – Gabriela Biló/Folhapress

A seca recorde, o aumento do consumo de energia e o pequeno crescimento recente da oferta de eletricidade de usinas hidrelétricas e térmicas provocaram algum sentimento de emergência no Ministério de Minas e Energia.

Não há, por ora, perspectiva de faltar luz ou de ameaças para o abastecimento, mesmo em horários de pico. Especialistas dizem que o problema não será agudo até o ano que vem.

No entanto os riscos aumentaram. As folgas do sistema são cada vez menores. O agravamento da crise climática torna mais incertos os cenários de chuvas e consumo, para dizer o menos. Desde 2014, o país tem enfrentado secas e reduções grandes, de ano para outro, no nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas. Também há mais restrições para operá-las. Além do mais, o governo está atrasado.

O ministro Alexandre Silveira anunciou que avalia a volta do horário de verão, abandonado sob Jair Bolsonaro (PL) —a economia obtida com o expediente de fato deixara de ser relevante.

O governo afirma também, para certa descrença de estudiosos e executivos do setor, que ainda neste ano haverá um leilão de compra de energia de reserva. Silveira chegou a dizer que divulgará em setembro seu projeto de reforma do setor elétrico.

Os leilões de compra de energia, nova ou de reserva, estão atrasados. A possibilidade de adotar o horário de verão já deveria estar em estudo faz tempo, pois o comportamento do consumidor e a oferta de eletricidade têm mudado com frequência

A economia e a redução de riscos propiciadas pelo adiantamento dos relógios no centro-sul voltaram a merecer atenção.

O Brasil hoje conta com mais energia solar, 16,8% da capacidade instalada em 2023, que obviamente não atende às necessidades do pico de consumo do início da noite. Conta com mais energia eólica, 14,4% da capacidade, fonte que, entretanto, é sujeita a variações fora de controle.

O início da noite voltou a ter picos de consumo —são necessárias a energia de hidrelétricas e térmicas ou outras soluções.

Em vez de pedir estudos, o ministério já poderia apresentar medidas possíveis. Uma nova seca em 2025 é capaz de levar o país à situação de 2021, quando se esteve à beira do racionamento.

A situação de perigo renovado indica que falta planejamento de longo prazo para uma época de crise do clima e mudança tecnológica. O Brasil está longe de ter um plano integrado para energia, desmatamento, uso da água e mitigação de desastres climáticos.

editoriais@grupofolha.com.br

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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