(Misael Nóbrega de Sousa, jornalista, professor e futuro vereador)
Nem bem adentrei à antiga “Rua Grande” de meus pais, pude ver os parques de diversões instalados ali, por costume. São castelos que se erguem bem no coração de minha cidade/mãe, materializando a alegria. Geringonças que agora embalam os beijos adolescentes dos filhos e netos de minha geração.
Maçã do amor; cachorro-quente; algodão-doce; balões infláveis; barraca de tiros; jogos de azar… – O religioso e o profano coexistem naquele ambiente: ora lúdico; ora litúrgico… – E as jogatinas se espalham pelo corredor desmedido, conservando as tradições.
Ela ainda estava lá. Não diria acanhada; resignada, sim! Mas, talvez eu que estivesse diferente.
Demoro-me no carrossel. Será que ainda conserva a mesma mágica? E procurei em cada um daqueles meninos que volteavam ao redor do mundo os rostos de minha infância. O “Parque Lima” era o playground de antigamente: Bichinhos artesanalmente construídos com o madeiro sagrado das idades puerís. Aqueles cavalinhos, que nem existem mais, levavam-nos para qualquer lugar, mesmo que fincados no eixo da resignação.
Os brinquedos estão ficando mais modernos e as crianças menos crianças.
Despertei daquela nostalgia com os acordes da filarmônica 26 de julho. E parei para ouvir a banda tocar… – Como uma “retreta” de tudo que já foi dito. Em todos os setembros, a “Festa de Nossa Senhora da Guia”, acolhe os devotos das paróquias vizinhas, que acorrem suas preces para a igreja Matriz, Catedral dos filhos de Deus, e onde as novenas são oferecidas à comunidade na forma da eucaristia.
A festa de setembro é de renovação espiritual, mas também social. Os filhos ausentes elegem aquela data na vida deles e retornam para os parentes e amigos, pautados na certeza do abraço e da fé.
Aprendi com o escritor de “A Bagaceira” que ninguém se perde no caminho da volta: “Porque voltar é uma forma de renascer”.
Já estou quase do outro lado… – E o que já era um retrato esmaecido, vai ficando ainda mais no passado. Porém, o que seria de nós se não fosse o renovamento? E se antes faltava coragem de olhar para trás, agora estou mais confiante para seguir em frente…
Comentário nosso – Eu também sou saudoso das antigas FESTAS DE SETEMBRO. Principalmente de duas coisas. Uma, a inesquecível Bagaceira da minha adolescência e juventude. Outra, as quermesses, com a disputa entre os dois partidos e a participação dos noitários. Cadê a noite dos radialistas, a noite dos bancários (categorias de que participo) e de todas as outras profissões e atividades, onde a gente se reunia cada um com seu cada qual? E relembrava os ausentes, vivos ou mortos? Estive lá na terça-feira, e ao invés de alegre fiquei triste. Faltaram-me as reminiscências, presentes em cada um dos muitos presentes de antigamente, reduzidíssimos na atualidade. Que pena! (LGLM)