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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 16/09/2024)
Se você está em dúvidas sobre em quem vai votar para prefeito e vereador em sua cidade, comece a examinar quem são os candidatos. “Quem mora na aldeia, conhece os seus caboclos”. Nas cidades menores, todo mundo conhece todo mundo e é mais fácil escolher os candidatos. Mesmo assim, aqui e acolá aparece um desconhecido que resolveu entrar no ramo de político e que você nunca viu. Tem candidato que não se sabe nem o nome dele, só o apelido: “O homem das terras”, alguém que resolveu especular com terrenos rurais e está comprando toda propriedade disponivel na região.
Nas cidades do porte de Patos é mais dificil conhecer todo mundo e isto pode levar as pessoas até a cometer certas descortesias. Minha saudosa sogra, dona Maria Nóbrega, contava que passou por “uma”, uns trinta anos atrás. Procurada por determinado candidato em sua residência que lhe perguntou se tinha algum candidato a vereador e ela com toda sinceridade respndeu: “Ainda não, pois até agora já apareceu aqui até candidato de um olho só”, usando um expressão bem nossa. Só depois de dizer isto, se deu conta de que o visitante era cego de um olho. Como já tivemos mais de um vereador nestas condições, fiquei sem saber quem era. Educadíssima ela pediu desculpa, no mesmo instante. E terminou votando no dito cujo.
Mas não podemos negar que no meio dos cento e tantos candidatos tem pelo menos uns trinta que merecem um voto de vereador. Entre os correligionários dos quatro candidatos a prefeito.
Os quatro candidatos a prefeito, são mais conhecidos e é mais fácil, conseguir informaçoes sobre eles. Já nas centenas de candidatos a vereador fica mais difícil escolher. Eu tenho um amigo que é relativamente bem informado e conhece muita gente, mas ele me disse que tem uma metodologia que facilita a sua escolha. Ele disse que recebe o “santinho” de todo candidato para quem lhe pedem um voto. Depois pede informações aos amigos sobre eles para escolher um.
Ele tem toda razão em sua preocupação de escolher o melhor. Quando é alguém bem conhecido, a escolha é fácil. As vezes, a gente escolhe logo no começo da campanha. Alguns nem precisam pedir, pois muitos eleitores já o escolhem logo cedo. Mas com o grande número de candidatos está ficando cada vez mais difícil escolher. Outro dia, conversando com alguns colegas jornalistas, sobre os que tinham condições de se eleger e eu duvidei da reeleição de um deles, quando fui informado de que aquele tinha a reeleição certa e quase perdi o fôlego quando me disseram o motivo de tanta certeza: “Ele tem um irmão que é chefe de uma facção e tem a eleiçao garantida”.
Eu sabia que nas últimas eleições quase todo mundo se elegeu por que gastou fortunas, e que alguns traficantes ou candidatos seus também teriam conseguido se eleger, mas não sabia que as facções também tinham virado partido político.
Por isso agora todo cuidado é pouco, é melhor deixar o voto secreto até o fim, se é que você pretende saber do resultado final. Não confie nem no seu melhor amigo ou amiga. A melhor resposta talvez seja: “Ainda estou pensando!”
Nas cidades maiores do Estado já existem denúncias de interferência de traficantes e facções na campanha eleitoral.