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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 20/09/2024)
Durante a semana estive em Patos. E na emissora me deram a notícia de que alguns comentários meus estariam incomodando certas pessoas. Pelo que senti, as coisas incomodam mais quando eu cito nomes. Os criticados se ressentem pelas verdades que dizemos sobre eles e se ressentem também quando eu elogio alguém. Vou me abster de dizer nomes. Embora a lei eleitoral seja explicita em só proibir que peçamos voto para alguém, alguns acham que, só em elogiar um candidato, eu estou pedindo votos para ele. Ora, quando eu sugiro que se vote em bons candidatos eu estou sugerindo que se vote nos bons candidatos e isso não é proibido. Mas que cada um coloque a carapuça na cabeça. As verdades continuarão a ser ditas. Os maus candidatos vão continuar a ser identificados. Quando eu falo em candidato que compra voto, ele é imediatamente identificado e isto jamais será proibido. Quando eu falo em vereador “puxa-saco” do prefeito, todo mundo sabe de quem estou falando. Então, indiretamente, estou pedindo para não votar neles. Quando eu falo na vantagem de votar em bons candidatos, o eleitor consciente sabe identificar quem são os bons candidatos e estes também serão beneficiados pelo meu comentário.
Nós tentamos fazer sempre o ideal do jornalismo que é fazer um jornalismo independente. Eu critico sempre o malfeito, venha de onde vier. Critiquei muito Bolsonaro e continuo criticando. Elogiei Lula e agora estou criticando, pelas coisas malfeitas e mal conduzidas. Venho fazendo isso nos últimos sessenta anos. E quatro bispos e não sei quantos diretores já ouviram reclamação contra mim. Há uns cinquenta anos, tinha um velho padre, a quem eu queria muito bem, vivia alertando os outros padres de que eu vivia criticando o que ele chamava de Revolução. Mas naquele tempo como hoje havia padres que não concordavam com ele e lhe perguntavam: “Ele disse alguma mentira?” Como o padre não se lembrava de nenhuma mentira minha, eu continuava no ar. Assim como todos os colegas que têm seguido esta mesma linha. A emissora nos dá esta liberdade, Para isso, eu sempre tenho muito cuidado. Procuro sempre apurar tudo o que digo e comento ou só utilizo fontes confiáveis. E, graças aos estudos jurídicos, procuro sempre agir dentro da lei. É tanto que já sofri dezenas de processos e nunca fui condenado. Nem eu, nem a emissora. A ponto de um colega advogado, certa vez ter me abordado para me informar. “Entrei com um processo contra você, por que exigiram que o fizesse, mas sei que não vai dar em nada, pois você não deixa brecha”. E isso aconteceu muitas vezes. Uns dois ou três destes processos subiram até o TRE, mas a maioria morreu na primeira instância. Não que eu tenha apadrinhamento. É o cuidado que tenho como jornalista e como advogado. Depois de muitas tentativas de me calarem, em sessenta anos de rádio, permaneço incólume. Não por afoiteza ou valentia, mas pelos cuidados que tenho com as matérias que divulgo ou comento. Quem me acompanha sabe disso. Eu às vezes demoro três/quatro dias para abordar um assunto que foi divulgado como o maior estardalhaço. Mas estou esperando a poeira assentar, o assunto ser bem esclarecido, para só então abordá-lo e fazer algum comentário.
E vou continuar a fazer um jornalismo independente, doa em quem doer. Que me perdoem os colegas advogados que me têm defendido..