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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias a Manhã, da Espinharas FM, em 31/10//2024.
Os bolsonaristas apresentaram um projeto que tinha como objetivo anistiar os bandidos que tentaram dar um golpe militar em 8 de janeiro de 2023, insatisfeitos com a vitória de Lula. Embora, aparentemente, só beneficiassem os condenados pela bandalheira que praticaram na Praça dos Três Poderes, destruindo tudo que puderam no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal, eles queriam, “por baixo dos panos”, anistiar Bolsonaro de todas as bandalheiras que praticou e que incentivou. E, principalmente, livrá-lo das penas que o tornaram e o tornarão indefinidamente inelegível.
Por isso os bolsonaristas tinham todo interesse de votar “a toque de caixa” este projeto na última terça-feira, 29/10. A votação inicial seria na Comissão de Constituição e Justiça, mas a sua aprovação facilitaria a aprovação em outras comissões, pois esta primeira comissão acataria a constitucionalidade do projeto.
Claro que a aprovação pelo Congresso, mesmo que chegasse com sucesso a bom termo, ainda podia ser vetado por Lula, que certamente o faria, mas o veto poderia ser derrubado pelo Congresso, o que levaria a mais um confronto deste com o Supremo Tribunal Federal, que com toda certeza consideraria o projeto inconstitucional. Mas isto poderia provocar uma confusão danada.
Oportunamente, o presidente da Câmara dos Deputados, o deputado Artur Lira (PP/AL) retirou o projeto da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e criou uma comissão especial para analisar o projeto. Claro que ele não fez isso por ser um defensor da democracia, mas por que tinha interesse em retardar a discussão deste projeto, que tanto interessava aos bolsonaristas, cujo apoio ele pretende conseguir para seu candidato.
Lira está interessado em ajudar a eleger um dos seus “puxa-sacos” para a Presidência da Câmara, como forma de continuar mandando no Congresso, mesmo depois de deixar de ser o seu Presidente. E tudo indica que o seu preferido é nosso conhecido deputado Hugo Motta.
Lira, aparentemente, terminou ajudando os interesses dos verdadeiros democratas que se opõem aos interesses golpistas dos bolsonaristas.
O projeto, com a criação desta comissão especial, vai passar meses para ser votado, e pode até nem chegar a tramitar, pois vai depender da indicação dos seus membros pelos vários partidos e vários deles podem nunca indicar os seus representantes, fato que inviabilizaria a tramitação do projeto, o que seria ótimo para a democracia por deixar de beneficiar os inimigos do Estado de Direito. E o execrado Artur Lira pode ganhar um lugar na história por, mesmo a contragosto, ter enterrado as pretensões dos amantes da baderna bolsonarista.
Os verdadeiros democratas devem ficar atentos para ver se livram o país, nas próximas eleições, pelo menos de uma parte dos canalhas do Congresso Nacional que são capazes de vender a própria mãe para atenderem aos seus próprios interesses. Dos quais o nosso Congresso Nacional está cheio. Profissionais da política que têm como principal profissão roubar o dinheiro público para aumentarem o seu próprio patrimônio.
E é muito fácil identificá-los. Quanto mais dinheiro eles estiverem dispostos a gastar numa eleição, mais dinheiro eles vão querer roubar do Tesouro Nacional para recuperar o dinheiro que gastaram para se eleger. Eles e seus compinchas.
Da mesma maneira que quanto mais um candidato a vereador gastou em Patos para se eleger, mais ele tentará cobrar do prefeito em empregos e em dinheiro para pagar as suas próprias contas, mesmos aqueles considerados mais ricos, pois ninguém gosta de jogar dinheiro fora.