No STF, Luiz Fux diz que Lei das Bets precisa de ajuste imediato (confira comentário nosso)

By | 12/11/2024 7:07 am

Fux é o relator de ação que questiona constitucionalidade da Lei das Bets. Ministro conversará com Poderes sobre decisão liminar no tema

 

(Manoela Alcântara, no Metrópoles, em 

imagem colorida do ministro Luiz Fux, no STF

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou, nesta segunda-feira (11/11), que a Lei das Bets, cuja constitucionalidade é discutida em ação que tramita na Corte, precisa de ajustes imediatos. Relator do caso, o magistrado declarou que debaterá o tema com os outros Poderes para avaliar a necessidade de uma decisão liminar, que tem impacto imediato.

A previsão foi dada por Fux durante conversa com jornalistas após o encerramento da primeira etapa de audiência pública que trata do impacto das bets no Brasil. “Nós terminamos a primeira parte da audiência; vamos ter a segunda hoje ainda, e a terceira (na terça). De toda maneira, os problemas que foram aqui aventados, relativos a comunidades carentes, aos problemas mentais e aos outros graves problemas que foram destacados, levam-nos à ideia de que esse julgamento tem que ser urgente”, disse.

Embora a possibilidade de uma liminar seja levantada pelo ministro, o julgamento de mérito da ação só ocorrerá no primeiro semestre de 2025, quando será tratada a validade da lei que regulamenta o setor. “Tem que avaliar também esse ‘avanço do dragão’, como eles disseram aqui. Temos que enfrentar talvez de uma maneira mais urgente”, completou.

Luiz Fux é relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 7.721, na qual a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) pede que a Lei das Bets (Lei nº 14.790/2023) seja declarada inconstitucional pelo STF. É nesse caso que ele vê urgência.

O ministro dividiu a discussão sobre impactos das apostas on-line no Brasil em oito eixos temáticos. Entre eles estão a preocupação com a saúde mental dos brasileiros; as consequências sociais das bets; e a tributação do setor de apostas.

As bets são discutidas na Corte nesta segunda, com seguimento nesta terça-feira (12/11), na sede do STF, em Brasília (DF). Entre os diversos pontos questionados da lei, Fux selecionou para discussão na audiência oito pontos principais.

Veja:

  • questões técnicas associadas à saúde mental e aos impactos neurológicos da prática das apostas sobre o comportamento humano;
  • efeitos econômicos para o comércio e seus efeitos na economia doméstica;
  • consequências sociais desse novo marco regulatório;
  • uso das plataformas de apostas para lavagem de dinheiro e demais crimes;
  • tributação e extrafiscalidade no setor de apostas;
  • transparência das plataformas de apostas;
  • publicidade e instrumentos de gameficação no setor de apostas; e
  • direitos patrimoniais dos apostadores.

Fux ressaltou, na abertura do evento, que a intenção das discussões é uniformizar entendimentos. “A presente audiência pública é uma iniciativa que pretende pluralizar as decisões proferidas pelo STF, oportunizando que a sociedade civil possa contribuir para a atividade de interpretação e de guarda da Constituição Federal”, destacou.

“Dragão que precisa ser domado”

Durante a audiência, o advogado-geral da União, Jorge Messias, fez uma análise sobre impactos das apostas on-line no Brasil, sob a visão do governo. Messias destacou que o modelo de bets como está hoje afronta a Constituição e chega a ser um problema de saúde pública devido ao vício, no que ele considera parecido com a dependência química provocada pelas drogas.

“Precisamos de limites, monitoramento que impeça essa indústria de causar vícios, especialmente nos mais vulneráveis. O atual modelo de bets não está alinhado com os princípios de nossa Constituição. Estamos diante de um dragão, e nosso objetivo é tentar domá-lo”, assinalou Messias na audiência mediada pelo ministro Luiz Fux.

Messias expôs o posicionamento do governo federal, em nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Precisamos garantir que a exploração das apostas de cota fixa não comprometa a dignidade da pessoa humana, a segurança financeira e o bem-estar da população, especialmente dos grupos mais vulneráveis. A Advocacia-Geral da União defende que a legislação caminha para uma inconstitucionalidade progressiva, sendo recomendável aos Poderes da República, cada qual em sua função, a imediata correção das mazelas que as apostas de cota fixa acarretaram o tecido social”, ponderou aos participantes da audiência pública.

Macaé falou da preocupação com a exposição de jovens e adolescentes ao ambiente de jogos e pediu que o STF decida levando em conta a dignidade dos direitos humanos.

Diretrizes rigorosas

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), contudo, defende a atuação das bets, contanto que dentro da legalidade. A entidade acredita que proibir a prática no país apenas fortaleceria o mercado ilegal.

“Fechá-las, seria empurrar os apostadores desse tipo de loteria para o jogo ilegal, sem regulação, sem proteção do consumidor e sem arrecadação de tributos, mais transformada num braço financeiro da criminalidade organizada”, afirma Gustavo Binenbojm, advogado que representou a Abert na audiência no STF.

Para ele, o legislador estabeleceu diretrizes e restrições bastante rigorosas às propagandas de casas de apostas. “Ou seja, a ideia do jogo responsável, que permeia toda a lei, prevê um modelo de regulação regulada pelo Estado, absolutamente legítimo e alinhado às melhores práticas internacionais”, concluiu.

Varejo

O representante da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Felipe Tavares, comentou as preocupações do setor com as apostas on-line. Nos levantamentos e estudos feitos pela CNC, as bets são chamadas de cassinos on-line. Uma das preocupações é o comportamento dos brasileiros diante das apostas.

A avaliação é que as bets têm impactado o consumo. “Toda vez que o varejo deixa de faturar, o que foi impactado é o padrão de consumo das famílias brasileiras. Todo seu consumo é via varejo. Seja em mercados, seja em supermercados, seja em outros estabelecimentos”, argumentou.

Comentário nosso – Este é um problema sério para o qual temos que encontrar uma solução equilibrada. A grosso poderíamos dizer: “Não há por que mexer com isso. Joga quem quer”.  Mas seria a mesma coisa que dizer: “Não se deve impedir a venda de veneno, pois usa quem quer”. Mas quando qualquer coisa representa perigo para a economia, para a saúde ou para a segurança da população, o Poder Pùblico tem obrigação de intervir. No caso das bets já está mais do que provado que está gerando prejuízo econômico para quem não se controla na hora de jogar e está patente que muita gente está desviando até o dinheiro essencial da sobrevivência, caso do bolsa-familia, para investir nestes jogos. Entendemos que a exemplo de outros jogos não deve ser proibido, mas deve haver medidas que impeçam os desvios e os excessos. Que haja limites e impedimentos. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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