Relatório final com mais de 800 páginas do inquérito das Operações Tempus Veritatis e Contragolpe imputa crimes com penas de até 28 anos de prisão ao ex-presidente, seus aliados e militares de alta patente; PF detalha cronologia de eventos, em 2022, ligados à tentativa de manter o ex-presidente no poder, com plano de assassinato do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e ministro Alexandre de Moraes
A Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Defesa, general Braga Netto, o ex-chefe do GSI general Augusto Heleno, o presidente do PL Valdemar Costa Neto e mais 33 investigados nas Operações Tempus Veritatis e Cotragolpe. A PF atribui ao ex-chefe do Executivo, militares de alta patente e aliados os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Somadas, as penas máximas previstas para esses delitos chegam a 28 anos de prisão.
Entre os indicados estão o almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha, e o general Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira, ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército. O general Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército, também foi indiciado.
- Ailton Gonçalves Moraes Barros –
- Alexandre Castilho Bitencourt Da Silva – coronel do Exército;
- Alexandre Rodrigues Ramagem – deputado federal com quem a PF apreendeu a minuta do golpe;
- Almir Garnier Santos – ex-comandante da Marinha;
- Amauri Feres Saad – jurista
- Anderson Gustavo Torres – ex-ministro da Justiça, ex-Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal
- Anderson Lima De Moura – coronel do Exército;
- Angelo Martins Denicoli – major da reserva do Exército;
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira – general ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional;
- Bernardo Romao Correa Netto – coronel do Exército;
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
- Carlos Giovani Delevati Pasini – coronel da reserva;
- Cleverson Ney Magalhães
- Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira – general ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter);
- Fabrício Moreira De Bastos
- Filipe Garcia Martins –
- Fernando Cerimedo
- Giancarlo Gomes Rodrigues
- Guilherme Marques De Almeida
- Hélio Ferreira Lima
- Jair Messias Bolsonaro – capitão reformado, ex-deputado e ex-presidente;
- José Eduardo de Oliveira e Silva – coronel da reserva;
- Laercio Vergilio – coronel da reserva
- Marcelo Bormevet – policial federal
- Marcelo Costa Câmara – coronel do Exército ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
- Mario Fernandes – general do Exército preso na Operação Contragolpe
- Mauro Cesar Barbosa Cid – tenente-coronel ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator
- Nilton Diniz Rodrigues
- Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho
- Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira – ex-ministro da Defesa e ex-comandante do Exército no governo Bolsonaro;
- Rafael Martins De Oliveira
- Ronald Ferreira De Araujo Junior – tenente-coronel do Exército
- Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
- Tércio Arnaud Tomaz – ex-assessor da Presidência de Jair Bolsonaro (integrante do gabinete do ódio)
- Valdemar Costa Neto – ex-deputado e presidente do PL
- Walter Souza Braga Netto – ex-ministro da Defesa que foi vice na chapa de Bolsonaro nas eleições de 2022;
- Wladimir Matos Soares
Os 37 indiciados estão ligados à tentativa de manter Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições 2022. O plano da suposta organização criminosa previa até o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
As investigações mostram que o planejamento da ruptura democrática, contou com reuniões com a cúpula das Forças Armadas, rascunhos de minutas golpistas, planilha com detalhes do golpe, minuta de ‘gabinete de crise’ que seria instalado após a ruptura e até o plano de envenenamento de Lula e de eliminar Moraes à bomba.
Um dos pontos principais do documento é a indicação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha conhecimento do plano de assassinato de Lula, Moraes e Alckmin.
O documento de mais de 800 páginas foi enviado ao Supremo Tribunal Federal na tarde desta quinta-feira, 21 – mesma data em que ocorre a audiência que vai selar o futuro da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid.
O relatório situa os indiciados em seis núcleos da suposta organização criminosa:
- Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
- Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
- Núcleo Jurídico;
- Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
- Núcleo de Inteligência Paralela;
- Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas;
Militares
A Polícia Federal indiciou todos os integrantes de um grupo que foi batizado, ao longo do inquérito como Núcleo de Oficiais de Alta Patente – militares que “utilizando-se da alta patente que detinham, agiram para influenciar e incitar apoio aos demais núcleos de atuação por meio do endosso de ações e medidas a serem adotadas para consumação do Golpe de Estado”.