(MARCELO VIEIRA DE NEGREIROS, no Blog do Negreiros, em 22/11/2024)
Marcelo Negreiros
Os Desafios de Ser Jornalista Independente
O jornalismo é, por essência, uma profissão que se propõe a buscar a verdade e dar voz ao que muitas vezes é silenciado. No entanto, quando o jornalista decide trilhar o caminho da independência, ele se depara com desafios ainda mais complexos e muitas vezes solitários. Essa escolha implica desagradar interesses, enfrentar pressões de pessoas poderosas e resistir a tentativas de censura.
A Censura Velada
Um dos grandes entraves ao jornalismo independente é a censura, que nem sempre se apresenta de forma explícita. Ela pode vir na forma de tentativas de manipular narrativas, favores que cobram lealdades ou mesmo a expectativa de omitir informações em prol de conveniências pessoais ou políticas. Quando um jornalista se recusa a ceder a essas pressões, ele frequentemente enfrenta o afastamento de pessoas próximas, sejam elas colegas, fontes ou até mesmo amigos.
Retaliações e Ameaças
Ameaças de morte, perseguições e intimidações não são incomuns para aqueles que ousam desafiar o status quo. Denunciar erros de pessoas públicas ou de grandes instituições pode colocar a vida do jornalista em risco. Ainda assim, é um trabalho essencial para a democracia e a transparência, pois o papel do jornalista é colocar a verdade acima dos interesses individuais.
A Ética Como Bússola
Exercer a profissão com ética, coragem e responsabilidade é o que diferencia o jornalista independente. Esses princípios são fundamentais para garantir que seu trabalho não apenas informe, mas também inspire confiança no público. É uma escolha que, embora difícil, fortalece o compromisso com a justiça e a equidade.
O Peso da Consciência
“Minha consciência não me deixa cometer injustiças.” Essa frase ecoa como o juramento silencioso de muitos jornalistas independentes. A determinação em não se deixar corromper por favores ou interesses externos é o que mantém a integridade da profissão, mesmo que, por vezes, isso signifique caminhar sozinho.
O jornalismo independente é uma escolha de coragem. É a voz que insiste em ser ouvida, mesmo quando todos os outros se calam. Afinal, é a coragem de enfrentar as adversidades que qualifica o verdadeiro profissional e reafirma a relevância de um trabalho ético e responsável para a sociedade.
Comentário nosso – O jornalismo independente é hoje cada vez mais raro, até pela questão financeira. Mesmo nos grandes veículos de comunicação, onde são bem remunerados , o que permite aos jornalistas a independência financeira, eles estão obrigados a seguir a linha editorial da empresa. Nos demais veículos, na maioria dos casos, a baixa remuneração obriga os profissionais a recorrer às assessorias, o que passa a limitar as suas opiniões. E, até por isso, alguns vivem de várias assessorias. Não que isso rebaixe o seu trabalho, apenas o limita. Um assessor de deputado, além de louvaminhar quem o contrata, não pode desgostar seu partido nem seus partidários, o que lhe tira a independência. Nunca fomos censurados pelas seguidas direções da Espinharas, pelas quais passei nesses sessenta anos, mas tenho que me autocensurar, para não fugir à linha religiosa da emissora. No ar jamais me ouvirão, por exemplo, dá opiniões sobre aborto, respeitando a opinião da Igreja, embora possa noticiar sobre fatos relativos a outras religiões, dentro do ecumenismo. O jornalismo independente é imprescidível para a opinião pública e quem gosta de saber a verdade sempre vai valorizar os jornalistas independentes. Cá entre nós, ainda temos alguns jornalistas independentes, e os nossos ouvintes, telespectadores, leitores e internautas os identificam e valorizam. (LGLM)