Bolsonaro era comandante em chefe das Forças Armadas ou comandante de um golpe militar?

By | 24/11/2024 2:38 pm

Investigações da PF comprovam em detalhes que o golpe não era de brincadeirinha e a lista de indicados confirma o quanto nomes e crimes estavam embolados

(Eliane Cantanhêde, no Estadão, em 23/11/2024)
Foto do author Eliane Cantanhêde

O plano macabro de decretar Estado de Defesa, matar o presidente eleito, seu vice e o então presidente do TSE para deixar o caminho livre para uma ditadura de viés e comando militar no Brasil foi tão real que já previa personagens chaves para postos estratégicos no pós-golpe. Bolsonaristas certos nos lugares certos. Ou, melhor, pessoas erradas nos lugares errados.

Os generais de quatro estrelas Augusto Heleno e Walter Braga Netto, da reserva, que estavam no coração do governo de Jair Bolsonaro, seriam comandantes do Gabinete de Intervenção, que se colocaria acima dos Poderes e das autoridades da República para implantar o “novo regime”, mais ou menos nos moldes da comissão revolucionária de 1964.

Jair Bolsonaro, ex-presidente da República
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República Foto: Dida Sampaio/Estadão

O ministro da Justiça, policial federal Anderson Torres, foi nomeado secretário de Segurança do DF, órgão responsável pela proteção da capital da República, logo, da Praça dos Três Poderes e da Esplanada dos Ministérios. Depois de usar o ministério para monitorar votos lulistas e jogar a PRF contra eles, Torres mudou de cargo para fazer o que fez: facilitar a invasão do Planalto, Congresso e Supremo em 8 de janeiro.

Já o ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel da ativa Mauro Cid, pivô de todos os escândalos, processos e do próprio golpe, chegou a ser nomeado pelo então presidente para o Comando de Operações do Exército, tropa de elite próxima a Brasília para ser acionada e agir rapidamente.

Foi desse comando, vejam que “coincidência”, que criminosos de farda saíram no Dia D do golpe, 15 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro assinaria o decreto de Estado de Defesa, para prender ou assassinar o ministro do STF e presidente do TSE Alexandre de Moraes, personagem-chave na resistência ao golpe. Por que Cid nesse comando? Tirem suas conclusões. E ele só foi “desnomeado” com a posse do general legalista Tomás Paiva no Comando do Exército, já no governo Lula.

Entre 37 indiciados pela PF por golpe, 25 são ou foram militares e três, policiais federais. Quem abre a lista, por ordem alfabética, é o capitão Aylton Barros, expulso do Exército, e quem fecha é o PF Wladimir Soares, infiltrado na segurança do presidente eleito para repassar a rotina, os trajetos e os horários de Lula para seus futuros assassinos.

No Exército, Barros é chamado de “bandido”. Na PF, Soares virou “traidor”, “vagabundo”. O plano considerava a hipótese de “danos colaterais” (vítimas não previstas) e o atual diretor geral da PF, Andrei Rodrigues, como chefe da segurança do presidente eleito, correria risco de morte se concretizado o ataque a Lula. Além de Torres e Soares, o terceiro PF da lista é Alexandre Ramagem, que dirigia a Abin, ou melhor, a “Abin Paralela”.

As investigações da PF comprovam em detalhes que o golpe não era de brincadeirinha e a lista de indicados confirma o quanto nomes e crimes estavam embolados: diamantes da Arábia Saudita, atestados falsos de vacina e, acima de tudo, o golpe. Governo ou organização criminosa? Bolsonaro era comandante em chefe das Forças Armadas, do Golpe ou de ambos?

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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