Entre Verdades e Narrativas – A Democracia Brasileira em Xeque

By | 25/11/2024 12:42 pm

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Editorial de Notícias da Manhã, de Misael Nóbrega de Sousa, em 25/11/2024)

A política brasileira enfrenta um dos momentos mais delicados de sua história recente, com revelações que incluem indiciamentos, delações e, o mais grave, um suposto plano para assassinar líderes nacionais e desestabilizar a democracia. As investigações da Polícia Federal apontam evidências robustas, como depoimentos, gravações e documentos, mas enfrentam o ceticismo de parte significativa da sociedade, principalmente entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Para a direita brasileira, essas acusações são vistas como “narrativas” – uma tentativa de deslegitimar as investigações. Argumentam que tudo não passa de uma conspiração orquestrada pelo ministro Alexandre de Moraes e manipulada pelo governo petista para perseguir adversários. Para os bolsonaristas mais fervorosos, nenhuma prova é convincente, enquanto a idoneidade de seu líder permanece inquestionável.

Por outro lado, a esquerda celebra cada novo episódio envolvendo Bolsonaro – da falsificação de cartões de vacina ao episódio da baleia, passando pelo caso das joias sauditas. Porém, é preciso reconhecer que essas denúncias, embora graves, empalidecem diante das recentes revelações: a articulação para matar adversários e tomar o poder à força. Este é o cerne da ameaça, pois não se trata apenas de corrupção ou má gestão, mas de um ataque direto às bases da democracia.

O 8 de janeiro já havia exposto as intenções de um grupo radical inconformado com a derrota nas urnas. A depredação da Praça dos Três Poderes e a tentativa de desestabilizar o governo eleito marcaram um dos capítulos mais sombrios da história política recente. Agora, os indícios de uma articulação mais ampla, envolvendo figuras de alto escalão e planos para instaurar um regime autoritário, levam essa crise a outro patamar.

Que Bolsonaro era o principal beneficiado por essas ações, ninguém contesta. Ele incentivou manifestações, rejeitou o resultado das eleições e fugiu para os EUA antes dos atos de janeiro. No entanto, até onde vão suas responsabilidades diretas suficientes para prendê-lo?

Para os mais extremistas, a possibilidade de sua prisão é vista como “operação vingança,” um movimento político de Lula e Alexandre de Moraes para destruir a direita. E que tudo não passa de uma teoria da conspiração que visa proteger Lula e o PT. Esse discurso, alimentado pela polarização, mantém o país em um estado de permanente tensão.

E para aqueles que não se alinham a nenhum dos lados, surge a pergunta: em quem acreditar? A resposta passa pela necessidade de reforçar as instituições democráticas, garantindo investigações transparentes e isentas. Somente a verdade – amparada em provas e no devido processo legal – poderá reconstruir a confiança da sociedade.

O Brasil está diante de um teste crucial. Não se trata de escolher lados, mas de defender princípios. A democracia não pode ser refém de ideologias; ela deve ser guiada pela justiça. O futuro do país depende dessa distinção, não da falta de humildade daqueles que querem continuar acreditando na sua verdade.

 

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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