(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias a Manhã, da Espinharas FM, em 25/11//2024.
O Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) é uma unidade de saúde pública responsável por prevenir e controlar as zoonoses, que são doenças naturalmente transmissíveis entre animais e seres humanos. Além disso, o CCZ atua no controle de vetores, como o mosquito Aedes aegypti, e realiza ações de prevenção e controle de doenças transmitidas por animais peçonhentos.
Em Patos a demanda por um centro de zoonoses se tornou urgente pela proliferação de cães de rua em nossa cidade, conjuntamente com o diagnóstico de que alguns deles estavam infectados pelo calazar.
O calazar é uma doença causada pelos protozoários Leishmania chagasi e Leishmania donovani e acontece quando um pequeno inseto da espécie Lutzomyia longipalpis, popularmente conhecido como mosquito-palha ou birigui, infectado por um dos protozoários, pica a pessoa e libera esse parasita na corrente sanguínea, resultando em doença.
O principal reservatório dos protozoários responsáveis pelo calazar são os cachorros e, por isso, são também considerados a principal fonte de infecção do inseto. Ou seja, quando o inseto pica o cachorro infectado, adquire o protozoário, que se desenvolve em seu organismo e pode ser transmitido para a pessoa através da picada. Nem todos os cachorros são portadores da Leishmania chagasi ou Leishmania donovani, sendo isso mais comum de acontecer em cães que não são desparasitados regularmente ou não recebem o cuidado ideal. Ou seja, os cães abandonados.
O calazar acontece com mais frequência em crianças com mais de 10 anos e adultos que possuem alguma carência nutricional, como falta de ferro, vitaminas e proteínas, e vivem em locais com condições de saneamento e higiene precários.
Daí a importância da existência de um centro de controle de zoonoses que trate dos cães infectados mas em estado inicial e que descarte os cães considerados irrecuperáveis.
Outras providências têm sido tomadas para controlar a enorme quanidade de cães de rua que se transformam em matilhas que têm chegado a atacar humanos e outros animais. Caso da castração tanto de machos como de fêmeas. Mas mesmo castrados eles podem continuar a servir de portador do calazar, por isso a urgência de Centro de Zoonoses para providenciar o tratamento dos cães infectados. Castrados poderiam aos poucos ir diminuindo a população de rua, mas o que impediria a chegada de outros animais, vindos ou trazidos de fora?
O problema tem que ter um enfrentamento em múltiplas áreas. Impedindo a importação de cães, castrando os ainda férteis, fazendo a desparasitação preventiva e o tratamento dos recuperáveis e o descarte dos irrecuperáveis. A administração municipal alega que tem tomado providências, mas a parte mais importante que seria feita pelo centro de zoonoses não se faz, por que não existe o centro de zoonoses para isto.
A prefeitura alega que outras providências têm sido tomadas mas não tem sido feito o mais importante o que cabe ao Centro. A edilidade alega falta de dinheiro, mas não falta dinheiro para finalidades festivas e eleitoreiras. Esperamos que percam todos os recursos judiciais e que afinal se faça o que a Justiça insiste em mandar que se faça. Que venha o Centro de Zoonoses!