Ao se embolarem com a ‘rataria’, onde os golpistas esqueceram ‘Deus, Pátria e Família?’

By | 26/11/2024 6:15 am

Não se confundem indivíduos desse quilate com a instituição Exército Brasileiro, mas alguma coisa anda errada na formação militar

 

 (Eliane Cantanhêde, no Estadão, em 25/11/2024)

Foto do author Eliane CantanhêdeO plano de golpe de Estado envergonha e empurra as Forças Armadas para o fundo do poço, ao incluir assassinatos, Estado de Defesa e diálogos assombrosos, embolando generais e coronéis da ativa com gente da pior espécie, como um argentino trapaceiro, um padre sem princípio e o capitão Ailton, chamado de “bandido” no Exército… A “rataria”, como definiu um dos próprios golpistas, aliás, muito bem.

A história é escabrosa, com fuzis e até granadas para a prisão e eventual execução do ministro do Supremo Alexandre de Moraes, então presidente do TSE, em plena capital da República. Foi isso que os “kid pretos” desmascarados e presos aprenderam nas academias militares e nas Forças Especiais do Exército? A andarem em más companhias, serem golpistas, antipatrióticos, assassinos e anti-cristãos? Onde ficam “Deus, Pátria e Família”?

Não se confundem indivíduos desse quilate com a instituição Exército Brasileiro, mas alguma coisa anda errada na formação militar, até porque é inexplicável, para quem respeita as Forças Armadas, como tantos oficiais aderiram tão docemente às ordens e delírios do capitão Bolsonaro, desprezado pela corporação por décadas.

Figuras do Exército se abraçaram a Walter Braga Netto e Jair Bolsonaro na tentativa de levar o País ao golpe de Estado, segundo a PF
Figuras do Exército se abraçaram a Walter Braga Netto e Jair Bolsonaro na tentativa de levar o País ao golpe de Estado, segundo a PF Foto: Wilton Junior/Estadão

Poder? Cargos? Soldos? Privilégios como na reforma da Previdência? Assustador, mas outros motivos seriam ainda piores: ideologia, saudosismo e instinto antidemocrático? E o mais grave é essa adesão evoluir para um golpe. Uns tiraram proveito, outros foram além: entregaram a alma ao Diabo. É preciso uma grande reflexão nas Forças.

Para alívio geral da Nação e da família militar que preza a farda, ordem, disciplina e defesa da Pátria, os comandos do próprio Exército e da Aeronáutica não compactuaram com o golpe e, hoje, se perguntam como se sentem as mulheres, filhos, amigos e vizinhos de quem participou daquela sujeira. E o que dirão seus netos e bisnetos?

Já era chocante oficiais de alta patente se prestarem a falsificar atestados de vacina, botar as mãos nos diamantes da Arábia Saudita, sair pelos EUA passando a muamba adiante e criando “provas” fraudulentas contra as urnas eletrônicas. Mas golpe? Assassinato do presidente eleito, do vice, de um ministro do TSE? Onde isso iria parar se o golpe tivesse vingado? Um novo AI-5? Torturas? Desaparecimentos?

Bem, os tempos são outros, as Forças Armadas são outras, as instituições têm lá seus problemas, mas são sólidas, e só uma “rataria” minoritária poderia ter ido tão longe. Cabe à PF, ao STF, à PGR e à sociedade brasileira limparem o País desses e outros ratos, para que o pior lado da história não se repita. Ditadura nunca mais

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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