A Crise da Água no Sertão: Um Desafio Além das Chuvas

By | 27/11/2024 5:37 pm

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(Misael Nóbrega de Sousa, jornalista, professor e poeta)

A falta d’água no sertão nordestino é um problema tão antigo quanto as histórias que moldaram essa região. Para o homem do campo, a água não é apenas um recurso, mas o elo vital para a sobrevivência, garantindo a subsistência através da agricultura de base e da criação de animais. Contudo, ano após ano, a seca não é o único adversário. A ineficácia das políticas públicas e a má gestão de recursos intensificam esse drama, perpetuando um ciclo de pobreza e dependência.

Programas como a Operação Carro-Pipa, idealizados para levar água às áreas mais críticas, muitas vezes se transformam em ferramentas de barganha eleitoral. Prefeitos e gestores locais utilizam esses serviços como moeda de troca, priorizando eleitores fiéis e comprometendo a universalidade do atendimento. Além disso, há relatos de desvios de recursos e fraudes nos contratos, tornando a solução um problema a mais para os sertanejos.

A transposição do Rio São Francisco, projetada como redenção hídrica do Nordeste, trouxe alento, mas ainda não atende de forma plena a todas as regiões necessitadas. A falta de infraestrutura em algumas cidades e a demora nos repasses federais dificultam o acesso a essa conquista. A promessa de um sertão abastecido e sustentável parece distante, especialmente quando questões orçamentárias são usadas como justificativa para atrasos nos planos emergenciais.

Enquanto isso, o governo federal impõe critérios rígidos para incluir municípios em programas emergenciais, alegando limitações financeiras. Na prática, isso exclui comunidades inteiras que sofrem silenciosamente. A burocracia, que deveria organizar as ações, acaba paralisando os avanços.

Por outro lado, os representantes políticos paraibanos no Congresso Nacional precisam fazer mais do que discursos. É necessária pressão contínua para que o governo federal priorize investimentos estruturantes e garanta a efetividade da transposição e outros projetos hídricos. Políticas públicas devem ser formuladas com foco na sustentabilidade, como cisternas, barragens subterrâneas e recuperação de nascentes, minimizando a dependência de ações paliativas.

O sertão nordestino não precisa apenas de água; precisa de justiça e planejamento. A sobrevivência do homem do campo não pode mais ser refém de interesses políticos ou de decisões financeiras que ignoram o sofrimento de quem planta e colhe em terras castigadas pela seca. Afinal, enquanto o poder público adia soluções definitivas, o sertanejo segue resistindo, teimoso como as árvores de raiz profunda que aprendem a viver com pouco, mas jamais desistem de florescer.

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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