Material de indiciamento, que será enviado à PGR, tem muitos buracos, com situações estranhas incomuns para esse tipo de ação
Ninguém podia desobedecê-lo. Sua vontade, a lei. Secretárias, mordomos, garçons, pilotos de avião, helicóptero e por aí vai. Gostou tanto que nem ele, nem os seus asseclas começaram a achar interessante ir embora dali. Criaram confusões, barracos e passaram papelão no exterior.
Até que resolveram ficar mais um tempo por ali. Assim começou a ser tramado um golpe de Estado e os assassinatos de nada menos que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu vice, Geraldo Alckmin, e o ministro Alexandre de Moraes.
Deu ruim. A Polícia Federal descobriu a trama cheia de lances novelescos. 37 foram indiciados, entre eles o próprio Jair Bolsonaro. As investigações – que se consumaram graças à delação do ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, tem de tudo desde momentos hilários, protagonizados por militares que mais pareciam trapalhões, até situações seríssimas como a ideia de cometer um atentado contra o presidente da República.
O ministro Alexandre de Moraes deve mandar para Procuradoria-Geral da República o inquérito com centenas de páginas. Mas é difícil que o procurador Paulo Gonet, devolva o material antes do próximo ano.
O material, pelo menos conhecido até agora, tem muitos “buracos”. Há situações estranhas incomuns para esse tipo de ação. Há brechas sobre o comando, sobre a responsabilidade por cada uma das tarefas. E há a repetida afirmação de que os tais golpistas não conseguiam a autorização do Alto Comando para por o plano rua, um risco imenso de uma guerra civil. Mas há uma suspeita ainda maior: a de que Bolsonaro, na hora H, saiu à francesa.