(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias a Manhã, da Espinharas FM, em 17/12//2024.
Os portugueses, de quem herdamos a cultura, eram exagerados em termos de sobrenomes. O nome completo de Dom Pedro I, nosso primeiro imperador, era Pedro de Alcântara Francisco António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim.
Mas as pessoas comuns eram menos exageradas. O esciritor Eça de Queiroz era José Maria de Eça de Queiroz, filho de José Maria Teixeira de Queiroz e Carolina Augusta Pereira de Eça de Queiroz. No nome de Eça abandonaram os sobrenomes Almeida e Pereira.
No Brasil, começamos imitando Portugal, mas depois resumimos a um nome (com uma ou duas palavras) e dois sobrenomes. Os sobrenomes, no passado mais recente, eram um sobrenome da pai e outro da mãei, ou vice-versa. Meu nome é Luiz Gonzaga, com sobrenomes Lima (de minha mãe) e de Morais (de meu pai). Os nomes de meu pai e minha mãe seguiam o mesmo padrão. Meu pai era Antônio Torres (de sua mãe) de Morais (de seu pai). Minha mãe era, antes de casar, Constantina Lima (de seu pai) de Oliveira (de sua mãe).
Já os pais deles tinham nomes com formação diferente. Como as mães geralmente não tinham sobrenomes (Isabel Maria da Conceição, Tereza Maria de Jesus, e assim por diante), os nomes dos homens tinham uma formação interessante. Meu avô paterno se chamava Henrique Luiz de Morais. Luiz era o nome do seu pai, Luiz Romão e Morais sobrenome da familia do sua mãe. Todos os irmãos dele tinha este Luiz no nome. Pedro Luiz de Morais, José Luiz de Morais, Manoel Luiz de Morais, estes eu ainda conheci.
No sistema mais recente, geralmente as gerações seguintes iam perdendo o sobrenome materno. No meu nome não tem mais os sobrenomes de minhas avós, Torres e Oliveira.
Ao registrar meus filhos eu exagerei. O nome da mais velha é Liana Clébia com os sobrenomes Soares (da mãe) e Lima de Morais (meus). Os do segundo casamento receberam apenas um nome (Bruno, Artur e Luma), mas quatro sobrenomes: Lucena e Nóbrega (da mãe) e Lima de Morais (meus). Bruno e Artur acharam pouco e, quando casaram, adotaram ainda um dos sobrenomes das esposas.
Hoje a prática mais comum é de nome e dois sobrenomes, geralmente, o do avô paterno e do avô materno. O que é uma ilusão e um machismo. O parentesco mais garantido é o materno.Você quase sempre vai saber quem foi sua mãe (a não ser no caso de trocas na Maternidade), enquanto muita gente tem pai duvidoso, o que muitas vezes torna necessário a realização de um DNA. Mas dificilmente vão mudar este costuma. Cada um vai querer provar que é o pai. Embora em conheça casos de família de vários filhos em que só o um deles era legítimo, geralmente o primeiro.