A oposição petista ao governo (confira comentário nosso)

By | 30/12/2024 7:25 am
Imagem ex-libris“PT quer mudanças na proposta do BPC para apoiar o pacote do governo”, informou manchete recente do Estadão, acerca das ações promovidas pela tropa de choque petista contrária ao pacote fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O partido mirou, em especial, nas alterações propostas pela equipe econômica para o Benefício de Prestação Continuada (BPC) – pago a idosos com mais de 65 anos em condições de vulnerabilidade e a pessoas com deficiência.

Foi o prenúncio do que, dias depois, se confirmaria na votação na Câmara dos Deputados, quando seis parlamentares do partido do presidente Lula da Silva – incluindo o ex-dirigente da sigla Rui Falcão (PT-SP) – votaram contra os projetos enviados pelo governo. “Minha relação não é de vassalagem”, avisou o agora declaradamente antigovernista Falcão, tido como homem próximo a Lula. Como os dissidentes petistas, outros partidos da base de apoio ao governo, como o PSOL e a Rede, também rejeitaram o pacote e foram de pouca serventia ao Palácio do Planalto para aprovar o ajuste fiscal e evitar uma desmoralização maior de Haddad.

Nada a estranhar na resistência do partido diante do pacote, exceto por um detalhe que faz do PT uma agremiação quase única no mundo, e o ambiente de votação dos projetos, um caso exemplar desses paradoxos que a política brasileira é capaz de produzir: o partido do presidente e líder da coalizão governista foi aquele que primeiro e mais enfaticamente tentou barrar um pacote que, em tese, é uma agenda prioritária do governo. Trata-se de uma oposição ao governo dentro do próprio governo. Eis o Brasil do petismo.

Conforme antecipado pelo próprio líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE), o partido trabalhou até o último instante para desidratar o pacote e, no caso do BPC, os parlamentares aprovaram regras menos rígidas para o recebimento do programa em relação ao que foi proposto originalmente. Com a mudança do texto, o alívio nas contas será menor do que o previsto.

A artilharia petista no plano fiscal é conhecida e foi realimentada com a recente resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PT – o texto, de 10 páginas, elogia Haddad por propor a taxação dos super-ricos e diz que a sociedade precisa se manter atenta “às artimanhas da Faria Lima”. Na síndrome persecutória petista, austeridade é palavrão e equilíbrio de contas públicas é conspiração do “mercado” para desviar o País do caminho virtuoso traçado pelo projeto do partido.

É um enredo antigo. No início do segundo mandato de Dilma Rousseff, o então ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tentou emplacar um ajuste fiscal e passou a ter como principal inimigo no Congresso não o presidente da Câmara e futuro algoz de Dilma, Eduardo Cunha, mas o próprio PT. A tal ponto que outros partidos da coalizão e mesmo legendas oposicionistas, dispostos a apoiar o ajuste, recuaram sob um argumento lógico: se nem o partido da presidente apoiará medidas necessárias, porém impopulares, por que haveriam de fazê-lo?

Hoje ocorre algo similar. De aliados como o PSOL não se esperaria muito – espécie de PT do B, a legenda tão somente confirmou a suspeita de que a moderação exibida durante a eleição municipal pelo seu principal líder, Guilherme Boulos, não passava de artifício eleitoreiro. Mas o PT, goste-se ou não, é a principal força da esquerda e âncora maior de sustentação do governo. Sob a liderança de Gleisi Hoffmann, no entanto, prefere atuar como se liderasse a oposição. A má vontade do partido acabou oferecendo à Câmara uma boa justificativa para emparedar o governo enquanto votava o pacote.

A boa política exige separar republicanamente o que é governo e o que é partido. Também não se espera de lideranças partidárias o acolhimento acrítico de todas as iniciativas do governo, muito menos que sejam vassalos do presidente. O problema é que, no universo lulopetista, tal separação só existe mesmo quando se trata de responsabilidade fiscal. Fora esse tema, contudo, não é de hoje que Lula e seus sabujos veem o governo como mera extensão dos interesses partidários.

Comentário nosso – Esses petistas e demais esquerdistas que votaram contra o pacote, com exceção dos votos favoráveis ao BPC, são traidores do povo brasileiro. A economia brasileira precisa de vários dispositivos do pacote contra os quais eles votaram.  Eles estão preferindo a demagogia a um voto a favor dos interesses do país como um todo.  (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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