Problema do governo Lula não é a comunicação

By | 09/01/2025 2:32 pm

Planalto traz marqueteiro para o 1º escalão, mas faria melhor em mirar eficiência gerencial e maior sustentação no Congresso

(Opinião da Folha, em 08/01/2025)

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começou o que pode vir a ser uma reforma ministerial pela área da comunicação. Paulo Pimenta, um político petista, deixa a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) e quem assume o posto é o marqueteiro Sidônio Palmeira.

Por trás da troca está a tese disseminada em gabinetes de Brasília segundo a qual o governo se comunica mal —um lugar-comum do exercício do poder que raramente se pode sustentar.

Em geral cercados por auxiliares pouco dispostos a contrariar o chefe, governantes sempre tendem a acreditar que estão fazendo um bom trabalho, preferindo os fatos e números favoráveis e deixando de lado os demais.

No caso de Lula, chama a atenção que o desempenho da economia e do emprego nos últimos dois anos, melhor do que o esperado pelos analistas, não se traduza em índices mais robustos de popularidade. Isso não é tão paradoxal assim, porém.

O eleitorado costuma avaliar governos a partir de uma combinação subjetiva de percepções e expectativas, na qual o bem-estar material sem dúvida tem grande peso. Mas bons números no PIB e no mercado de trabalho nem sempre se refletem na vivência cotidiana de todos, ou podem ser ofuscados por dissabores como a alta da inflação, fora inúmeros fatores não econômicos.

Um bom marqueteiro até pode conseguir, momentaneamente, valorizar as boas notícias e suavizar as más, mas não se deve esperar que seja capaz de mudar substancialmente a opinião pública.

Os índices de popularidade do governo Lula pouco mudaram desde o início de seu terceiro mandato. Segundo o Datafolha, ele tem hoje 35% de aprovação e 34% de reprovação; em seu o melhor momento, foi considerado ótimo ou bom por 38%.

A avaliação, portanto, não sofreu grande impacto de indicadores econômicos favoráveis. Isso deve tirar o sono do presidente da República e de seus aliados, já que, daqui para a frente, o cenário deverá ser menos benigno.

A alta do dólar e dos juros, para a qual o petista contribuiu, projeta maior risco inflacionário e um crescimento econômico menor. Enfrentar o desajuste orçamentário, que está na raiz da turbulência financeira, exige providências que contrariam a base petista.

Ainda pelo Datafolha, 61% dos brasileiros consideram que a economia está no rumo errado —má notícia para um governo que ainda não firmou marcas em outros setores. Uma reforma ministerial faria melhor, nesse contexto, em mirar eficiência gerencial e maior sustentação no Congresso.

editoriais@grupofolha.com.br

Comentário nosso – No futebol isto é muito comum. Os dirigentes quando o time está mal das pernas, culpam logo o técnico por não obrar milagres e, simplesmente trocam de técnico. Lula ao invés de procurar mudar um time que não está conseguindo governar, ou talvez mudando sua própria visão da administração, já que não podemos mudar o técnico, está mudando o responsável pela comunicação do Governo, que a única coisa que pode fazer em tentar enganar o eleitor, já que o time “está caindo das pernas”. Tem razão o jornal. Não é mudando a propaganda que vão melhorar o produto. (LGLM)

Comentário

Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *