A esperteza que come o dono (confira comentário nosso)

By | 23/01/2025 3:14 pm
Imagem ex-librisVai faltar dinheiro neste ano para pagar o Auxílio Gás, como noticiou este jornal. Um dos principais programas sociais do governo está sendo vítima dos erros que a gestão lulopetista teima em repetir para tentar mascarar despesas e fazê-las caber no Orçamento. É como diz um conhecido ditado mineiro: quando a esperteza é muita, vira bicho e come o dono.

Em agosto do ano passado, o governo teve a ideia de usar a Caixa para custear o Auxílio Gás com dinheiro do pré-sal – tudo isso, claro, sem passar por qualquer previsão no Orçamento. A manobra seria subsidiar diretamente revendedores de gás de botijão com recursos do Fundo Social, formado pelo excedente do pré-sal que cabe à União. Com isso, a dotação via Orçamento seria de apenas R$ 600 milhões em 2025, o que corresponde a menos de 18% dos R$ 3,4 bilhões do auxílio no ano passado. Para este ano, a previsão de custos gira em torno de R$ 3,5 bilhões.

Do subsídio custeado pelo pré-sal, repassado pela Caixa, viria a maior parte dos recursos, um drible às obrigações fiscais que, de tão óbvio, não passou despercebido. Foram tantas as críticas – que comparavam a manobra à contabilidade criativa que contaminou o governo Dilma Rousseff e lhe custou o segundo mandato – que o projeto foi para a geladeira. Em seu lugar, o governo anunciou que apresentaria um substitutivo que não só resolveria a contabilidade do programa, como iria quadruplicar os desembolsos até o período de eleições presidenciais. A estimativa era passar para R$ 5 bilhões em 2025 e para R$ 13,6 bilhões em 2026.

Em novembro, quando a equipe econômica anunciou o malfadado pacote de corte de gastos, divulgou também a decisão de mudar o projeto, o que até agora não passou de intenção. Para piorar, o Orçamento de 2025 ainda não foi votado e, por causa da demora, o governo só tem permissão legal para executar 1/12 do Orçamento apresentado. Não dá para custear nem o primeiro repasse do programa, em fevereiro.

Não há mágica na concessão de benefícios sociais. O dinheiro das políticas públicas vem dos tributos que o governo arrecada e das captações que faz no mercado, com a emissão de títulos para financiar investimentos. A vertente tributária bateu no limite, e a desconfiança em relação à política fiscal encarece o custo das captações e afasta investidores.

A previsão orçamentária não é um capricho. Submeter programas como o Auxílio Gás ao debate orçamentário significa ter que defender sua relevância, já que outras despesas disputam o dinheiro público, que por definição é escasso. É desse debate que o governo pretendia escapar, ou porque considera o programa tão essencial que dispensa o aval dos representantes dos eleitores ou porque precisa manter o programa mesmo sem ter dinheiro para isso.

A mudança tentada pelo governo, com o repasse direto de subsídios do pré-sal aos revendedores de gás, foi mais uma manobra para fugir dos limites do arcabouço que o próprio governo instituiu. E depois o governo vai se queixar que sua falta de credibilidade é resultado de problema de “comunicação”.

Comentário nosso – Ou Lula deixa de pensar em reeleição e começa a governar o país, ou o PT passa vergonha em 2026. Na pisada que vai, qualquer Marçal da vida ganha dele. Lula jamais fará milagres com a Economia nem com o Orçamento, se não mudar a forma de governar. (LGLM)

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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