Ouça o áudio
(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 28/01//2025)
Eu me criei vendo a Praça Getúlio Vargas, com o seu coreto, servindo como o principal ponto encontro social dos patoenses. Quando a gente queria marcar um local para se encontrar com os amigos, para aquele papo desconstraído, puxado a uma bebidinha de ocasião, marcava para o Coreto da Praça. Com o progresso, a Praça ganhou um restaurante e continuou a ser o nosso principal ponto de encontro. Ao longo destes mais de setenta anos, o local teve os mais diversos locatários, sempre com sucesso.
Até que, não sei porque, fecharam o bar e restaurante, e o local passou a sediar uma exposição de artesanato e hoje nem sei mais para que serve.
Pelo que tenho observado, deve ter sido alguma “lei burra ou hipócrita” que, a título de desestimular a venda de bebidas alcóolicas, determinou a interdição destes locais.
E nós perdemos tanto o Coreto da Praça, como a Praça de Perequeté, como a Praça dp São Sebastião, como a Praça de Fátima, entre outras, com esta função social de servir de ponto de encontro para a população. Se as praças devem servir para o lazer das crianças, eles precisam da companhia dos pais, daí não haver razão para tirar dos pais o direito de ver os filhos brincando, enquanto seus genitores tomam o seu aperitivozinho.
Dizemos que a lei é hipócrita, por que hoje a maioria das praças foram invadidas por “espetinhos”, onde não falta uma cervejinha gelada, nem uma bebida quente, que são servidos junto aos lanches e os espetinhos. E a Praça Getúlio Vargas está cercada de barracas e quiosques, servindo comida e bebida, só o coreto está fechado para elas.
O problema não é só em Patos. A hipocrisia correu o país, por isso acredito que exista alguma lei hipócrita que proibe o uso das praças para a venda de bebidas.
Em João Pessoa, conheci de perto o caso do Pavilhão do Chá. O centenário bar e restaurante lá existente, frequentado por pessoenses e turistas do mundo todo, hoje é um ponto de encontro de prostitutas, ao lado do Tribunal de Justiça, do Palácio da Redenção e do Ministério do Trabalho. Ou seja, de lugar frequentado por turistas, passou a ser antro das “menininas que fazem tudo com os velhinhos que não fazem mais nada”.
Abordamos o assunto, por conta de uma celeuma criada em Patos, em decorrência da construção de uma hamburgueria numa terreno público, no Conjunto Luar de Angelita. Não sei o que motivou os incomodados, que foram contestados por vários moradores que aprovam a iniciativa do empresário. Errada é a administração municipal que já deveria ter construído uma praça do local, para oferecer uma oportunidade de lazer para a comunidade. O empresário iniciou o que a prefeitura é que deveria estar fazendo. Trata-se de um bairro novo, muito atraente, e que carece de oportunidade de lazer para a sua população. Qual o interesse dos reclamantes? O empresário não vai adquirir nenhum direito sobre o terreno, pois quem constrói em terreno público é como quem faz filho na mulher alheia. Não tem direito nenhum. Nâo existe usucapião sobre bens públicos. Por outro lado, a prefeitura deveria acabar com a hipocrisia de não querer permitir a venda de bebidas no local. Pois os “espetinhos” terminam invadindo o local e vendendo não só bebidas, como, já houve denúncias, de que alguns até drogas vendem.