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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, em 07/02//2025
O Esporte Clube de Patos nasceu na sombra da família Palmeira. Zéu Palmeira, na década de cinquenta, foi um dos fundadores do Esporte, além de seu presidente e um dos melhores jogadores. Seu sobrinho Celimarcos foi talvez o melhor goleiro da história do clube. Tininho Palmeira, irmão de Zéu, por muitos anos levou o Esporte “nas costas”. Era presidente e era treinador. Mais de uma vez, viajamos com Edleuson Franco e equipe para fazer a cobertura dos jogos de Esporte, na caravana do time, na rural de Tininho, como forma de conteção de despesas da emissora.
E ao longo do tempo, tanto Zéu como vários dos seus familiares continuaram a ajudar o time. Quiz o destino que agora surgisse um sobrinho de Zéu Palmeira para virar, através da UNIFIP, universidade que dirige, “patrocinador master” do time. Trata-se de João Leuson, filho de Céu Palmeira, irmã de Zéu.
É providencial esta colaboração de João Leuson para com o time. Por estes dias, ele andou anunciando que apoiará uma chapa para dirigir o clube e ao mesmo tempo garantiu que continuará a ajudar substancialmente o time. A notícia é auspiciosa, mas o futebol de Patos e o Esporte precisam de muito mais. Seria demais exigir que João Leuson, assoberbado com suas responsabilidades perante a universidade que dirige, assumisse ele próprio a direção do clube. Mas ele poderia orientar a chapa que promete apoiar, no sentido de trabalhar para transformar o clube, numa Sociedade Anônima de Futebol (SAF). “Um modelo de empresa criado para clubes de futebol brasileiros, a SAF, criada pela Lei 14.193/2021, permite que os clubes de futebol passem de associações civis sem fins lucrativos para empresas. O objetivo é melhorar a gestão financeira e a transparência dos clubes”.
A transformação dos clubes de futebol em empresa é uma tendência mundial do futebol, de tal maneira que a maioria dos grandes clubes de futebol do mundo já viraram empresa, a maioria deles com sucesso. No Brasil já temos vários grandes clubes que foram transformados em SAF e a tendência é muitos outros clubes seguirem esta tendência, até se tornarem maioria. No Brasil entre os grandes clubes já seriam SAF ou estão a caminho: América Mineiro, Atlético Mineiro, Bahia, Botafogo, Coritiba, Cruzeiro, Cuiabá e Vasco da Gama, entre outros. Red Bull Bragantino não é uma SAF, e sim um clube-empresa, que tem como principal aliado a companhia de bebida energética.
O Botafogo da Paraíba também já virou SAF e, por conta disso, é sem sombra de dúvida o melhor time do futebol paraibano.
Por isso a nossa sugestão. É muita bem vinda a participação de João Leuson no apoio ao clube que sua familia fundou e, em grande parte do tempo, sustentou. Mas, para o futuro do clube e seu time, o melhor caminho é transformá-lo em SAF. O próprio João Leuson poderia participar da sociedade e ser um dos seus dirigentes, já que ele tem capacidade financeira e tino administrativo para isto. Ninguém talvez mais do que ele. E além da participação dele na SAF, poderia ajudar também, através da UNIFIP, como “patrocinador master”.
O Esporte Clube de Patos tem um patrimônio precioso: sua história e sua torcida. Mas o futebol exige cada vez mais recursos financeiros. Ninguém mais quer suar a camisa, se não for bem remunerado. Acabou-se o tempo dos que jogavam por amor, quando tinham como sustentar a família. Hoje virou uma profissão onde há jogadores com salários mensais de milhões.
A mesma sugestão fazemos aos dirigentes do Nacional Esporte Clube, cujo time está caindo “pela tabelas”, dentro de uma perigosa crise, principalmente, financeira.