(Misael
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Prezados ouvintes,
As recentes declarações do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, em entrevista à rádio Arapuan de João Pessoa, suscitaram intensas críticas da imprensa nacional e de diversos analistas políticos. Inicialmente, quando de sua eleição à presidência da mesa diretora da Câmara dos Deputados, Motta adotou um discurso moderado, exaltando a democracia e mencionando figuras emblemáticas da redemocratização brasileira, como Ulysses Guimarães. No entanto, surpreendentemente, sua postura mudou ao minimizar os eventos de 8 de janeiro de 2023, afirmando que não se tratou de uma tentativa de golpe, mas de ações de “vândalos” e “baderneiros”.
Além disso, ao criticar o período de oito anos de inelegibilidade previsto na Lei da Ficha Limpa, classificando-o como “extenso” e sugerindo sua redução para dois anos, Motta abriu espaço para questionamentos sobre seu compromisso com a ética na política.
Essas posições levaram analistas a rotularem Motta como “mais do mesmo” e “marmota do Lira”, insinuando uma subserviência ao presidente anterior da Câmara, Arthur Lira. Acusações de que ele “se vendeu a Deus e ao diabo” e atua como “passador de pano” para tentativas de golpe também emergiram, especialmente devido à sua proximidade com figuras controversas como o ex-deputado Eduardo Cunha e seu papel na CPI da Petrobras, que culminou no impeachment de Dilma Rousseff.
A imprensa nacional não poupou críticas, apontando que Motta estaria contribuindo para a formação de um “centrão desgovernado”, evidenciado por suas mudanças de opinião em curto espaço de tempo. Tais atitudes reforçam a percepção de que ele representa a continuidade de práticas políticas questionáveis, distantes dos anseios de renovação e integridade que a sociedade brasileira tanto almeja.
É imperativo que o presidente da Câmara dos Deputados mantenha uma postura firme na defesa da democracia e das instituições, sem minimizar eventos que ameaçam a ordem democrática ou buscar flexibilizar leis que garantem a probidade administrativa. A sociedade brasileira exige transparência, coerência e compromisso inabalável com os princípios democráticos de seus líderes.
As declarações de Hugo Motta não apenas colocam em xeque sua credibilidade, mas também lançam dúvidas sobre o futuro da liderança na Câmara dos Deputados. É momento de reflexão e de reafirmação dos valores que sustentam nossa República.
*Editorial do jornal Notícias da Manhã, da rádio Espinharas FM de Patos, 97.9, em 10 de fevereiro de 2025