Baixa produtividade explica o atraso brasileiro

By | 11/02/2025 11:28 am

País ocupa 78ª lugar em ranking; agenda para avanço inclui educação, infraestrutura, reforma tributária e ajuste fiscal

 

(Opinião da Folha, em 10/02/2025)

 

Funcionário trabalha em empresa distribuidora de aço inoxidável, em São Paulo (SP) – Jardiel Carvalho/Folhapress

Há muito tempo o país permanece preso em discussões econômicas conjunturais sobre temas que deveriam estar resolvidos no meio político, como a necessidade de equilíbrio orçamentário para impulsionar o desenvolvimento sustentável.

Enquanto isso, perdem-se de vista o diagnóstico amplo e medidas efetivas a respeito da questão mais essencial para o progresso —como reverter a estagnação da produtividade do trabalho que já perdura por quatro décadas.

Se no início dos anos 1980 a produtividade do trabalhador brasileiro chegou a quase 40% da americana, desde então, e de maneira continuada, foi se ampliando o distanciamento.

A má colocação brasileira deve-se à combinação de paralisia doméstica com avanço continuado nos países desenvolvidos e em outras regiões, notadamente a Ásia. Mesmo na América do Sul, estão na nossa frente Uruguai (48º lugar), Argentina (56º) e Chile (59º), o que sugere predominância de explicações locais para o fenômeno.

As causas são muitas e devem ser consideradas no conjunto de suas interações. Uma óbvia, com implicações de longo prazo, é a baixa qualidade da educação básica, além da insuficiente conexão entre centros de pesquisa e o mercado de trabalho.

Outro problema grave é a insuficiência de infraestrutura, que eleva o custo da produção local. O protecionismo excessivo, com altas tarifas de importação, também prejudica a competitividade e dificulta a inserção de empresas brasileiras no mercado mundial.

O sistema tributário também é prejudicial. Com a reforma que criou o imposto sobre valor agregado, ao menos, devem ser minimizados os maus incentivos à estrutura produtiva das empresas, hoje não raro norteadas apenas pelo acesso a benefícios fiscais.

É necessário, ainda, rever os regimes especiais, como o Simples, que levam à atomização de negócios em unidades menores e menos produtivas. O debate sobre esse tema deve superar o populismo e lidar com o fato de que escala e inserção nas cadeias globais são essenciais.

O alto custo de contratação de mão de obra com carteira assinada é outro empecilho, pois incentiva a informalidade.

Levar a cabo tal agenda demanda alinhamento de lideranças empresariais, sindicais e do setor público, o que ocorre de forma lentíssima devido a resistências setoriais e corporativistas.

editoriais@grupofolha.com.br

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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