País ocupa 78ª lugar em ranking; agenda para avanço inclui educação, infraestrutura, reforma tributária e ajuste fiscal
(Opinião da Folha, em 10/02/2025)
Há muito tempo o país permanece preso em discussões econômicas conjunturais sobre temas que deveriam estar resolvidos no meio político, como a necessidade de equilíbrio orçamentário para impulsionar o desenvolvimento sustentável.
Enquanto isso, perdem-se de vista o diagnóstico amplo e medidas efetivas a respeito da questão mais essencial para o progresso —como reverter a estagnação da produtividade do trabalho que já perdura por quatro décadas.
Se no início dos anos 1980 a produtividade do trabalhador brasileiro chegou a quase 40% da americana, desde então, e de maneira continuada, foi se ampliando o distanciamento.
A má colocação brasileira deve-se à combinação de paralisia doméstica com avanço continuado nos países desenvolvidos e em outras regiões, notadamente a Ásia. Mesmo na América do Sul, estão na nossa frente Uruguai (48º lugar), Argentina (56º) e Chile (59º), o que sugere predominância de explicações locais para o fenômeno.
As causas são muitas e devem ser consideradas no conjunto de suas interações. Uma óbvia, com implicações de longo prazo, é a baixa qualidade da educação básica, além da insuficiente conexão entre centros de pesquisa e o mercado de trabalho.
Outro problema grave é a insuficiência de infraestrutura, que eleva o custo da produção local. O protecionismo excessivo, com altas tarifas de importação, também prejudica a competitividade e dificulta a inserção de empresas brasileiras no mercado mundial.
O sistema tributário também é prejudicial. Com a reforma que criou o imposto sobre valor agregado, ao menos, devem ser minimizados os maus incentivos à estrutura produtiva das empresas, hoje não raro norteadas apenas pelo acesso a benefícios fiscais.
É necessário, ainda, rever os regimes especiais, como o Simples, que levam à atomização de negócios em unidades menores e menos produtivas. O debate sobre esse tema deve superar o populismo e lidar com o fato de que escala e inserção nas cadeias globais são essenciais.
O alto custo de contratação de mão de obra com carteira assinada é outro empecilho, pois incentiva a informalidade.
Levar a cabo tal agenda demanda alinhamento de lideranças empresariais, sindicais e do setor público, o que ocorre de forma lentíssima devido a resistências setoriais e corporativistas.