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Se essas evidências não bastarem para emitir alertas, em alto e bom som, sobre a gravidade da situação em curso, seria bom pelo menos ouvir o que disse ao Estadão o infectologista Alexandre Naime Barbosa, professor de Medicina na Unesp e coordenador científico da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Não há dúvidas em dizer que 2025 vai ficar marcado, e não estou sendo alarmista ou pessimista. Será o pior ano de epidemia de dengue de toda a série histórica, não só no Estado de São Paulo, mas também no Brasil”, disse ele, prevendo que 2025 deve ultrapassar o ano anterior em número de casos e taxa de mortalidade. Se, portanto, 2024 foi desastroso – com mais de 6 milhões de casos e quase 6 mil vidas perdidas –, 2025 tende a ser pior, se considerarmos o ritmo deste início de ano.
Ministério da Saúde e autoridades estaduais costumam ser cautelosos ao antecipar cenários futuros e têm sido cuidadosos ao expor os prognósticos mais sombrios. Talvez cautelosos demais. Afinal, o problema existe e há condições propícias a uma maior proliferação do mosquito transmissor da dengue, entre as quais mais chuvas e temperaturas mais altas, extremos decorrentes das mudanças climáticas, além de vários sorotipos circulando simultaneamente, algo que não acontecia havia muitos anos. E o mais grave: tudo isso convivendo com “uma enorme falta de percepção de risco da população”, como lembrou o professor. Em outras palavras, anos e anos de convivência criaram uma sensação de normalidade que, neste momento, se mostra um perigo.
É preciso dizer com todas as letras: a dengue mata. E boa parte do problema está dentro de casa, com ambientes propícios à proliferação do mosquito. Há medidas corretas em curso envolvendo os governos federal, estaduais e municipais, existe tecnologia disponível para mitigar riscos e, aos poucos, a vacina deve avançar – ainda que se vejam situações de estoques guardados por baixa adesão, limites de quantidade e, portanto, uma vacinação restrita a poucas faixas da população. Enquanto isso, trabalho coletivo, informação, sensibilização e mobilização são tão necessários quanto o alerta, isto é, dizer com clareza para quem puder ouvir que o momento é grave e o risco, elevadíssimo.
Comentário nosso – Ensina a sabedoria popular que “quando vires a barba do vizinho queimar, deves cuidar de por a tua barba de molho”. São Paulo, o Estado mais rico da população, com a população mais politizada e mais educada, registra epidemia de gangue em um de cada quatro municípios, avalie quando esta epidemia chegar aos Estados pobres, onde a população é muito mais relaxada na hora de prevenir! Temos que prevenir. Eu já tomei a minha sexta vacina e estou tomando todos os cuidados que se tomava durante a pandemia. E já estou me preparando para começar a usar máscara, em lugares de aglomeração. (LGLM)