Pesquisa aponta variações na identificação política de acordo com a renda; Lula vence entre os mais pobres e está em empate técnico com Bolsonaro nas classes média e alta
A identificação política no Brasil varia conforme a renda, aponta a nova pesquisa Quaest, divulgada neste domingo. Enquanto a soma dos que se identificam com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou com a esquerda é maior entre os mais pobres, na classe alta, a direita prevalece, considerando tanto bolsonaristas quanto não bolsonaristas.
A Quaest ouviu 2.000 pessoas no decorrer do ano passado e utilizou o Critério Brasil 2024 para fazer a classificação dos grupos em classes. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.
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Somando os apoiadores de Bolsonaro com os eleitores à direita, mas não bolsonaristas, os números de brasileiros de direita chegam a 23% na classe baixa, 34% na média e 43% na alta. Já unindo os eleitores de Lula com os esquerdistas que não se dizem lulistas ou petistas, os brasleiros de esquerda são 39% entre os mais pobres, 31% na classe média e 28% na alta.
Os resultados apontam uma tendência do brasileiro à direita nas classes média e alta, mas isso não significa adesão automática ao bolsonarismo. Nos três segmentos, o apoio à direita é maior do que o apoio a Bolsonaro, chegando a mais do que o dobro na classe alta.
Já na esquerda, Lula tem um apoio esmagador na classe mais baixa: são 28% para Lula e 11% para esquerdistas não lulistas ou petistas. Esse valor muda conforme a renda. Na classe média, são 16% lulistas e 15% esquerdistas, enquanto na alta são 12% apoiadores de Lula e 16% esquerdistas de outra denominação.
A parcela dos que afirmam não ter posicionamento político é significativa em todas as faixas de renda, representando 31% na classe baixa, 32% na classe média e 27% na alta. Ou seja, parte importante da população não se identifica com nenhum dos principais espectros políticos, independentemente do seu nível socioeconômico.
Lula supera Bolsonaro entre os mais pobres. Na classe média, os dois estão tecnicamente empatados, com vantagem numérica para o petista. Já entre os mais ricos, o empate se repete, mas a vantagem é do ex-presidente.
Já os muito interessados somam 11% entre os mais pobres, 15% na classe média e 20% entre os mais ricos. Os “Mais ou menos” interessados somam 24% na classe baixa, 32% na média e 36% na alta.
Liberdade de expressão e confiança nas instituições dividem os brasileiros
Na pesquisa, a maioria dos entrevistados diz defender o direito de se expressar, mesmo que de forma ofensiva. O apoio a essa ideia é numericamente maior entre os mais pobres (64%), seguido pela classe média (59%) e pela alta (56%). Por outro lado, a rejeição ao discurso ofensivo aumenta conforme a renda, com 33% na classe baixa, 38% na média e 42% na alta discordando dessa liberdade irrestrita.
O levantamento também avaliou a confiança em instituições. A Igreja Católica e as Igrejas Evangélicas têm índices de confiança acima de 68% em todas as faixas de renda. Os militares também são vistos de forma positiva, especialmente na classe média (71%). Já o Congresso Nacional é a instituição com pior percepção: a maioria dos entrevistados não confia nele, sendo a rejeição numericamente maior entre os mais ricos (55%) e menor na classe baixa (50%).