Denúncia persuasiva da PGR dificulta defesa de Bolsonaro

By | 20/02/2025 7:31 am

Gonet descreve eventos que levaram a uma tentativa de golpe de Estado; é preferível que plenário do STF julgue o caso

 

(Opinião da Folha, em 20/02/2025)

 

A imagem mostra um homem de cabelo curto e liso, vestindo uma jaqueta escura, olhando para cima em um ambiente interno. Ele está cercado por várias pessoas e microfones, com um foco de luz vindo de cima. Ao fundo, é possível ver outras pessoas observando a cena.
Jair Bolsonaro (PL) chega ao Senado para almoço com líderes do PL, em Brasília (DF) – Gabriela Biló – 18.fev.25/Folhapress

É minuciosa a denúncia que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ofereceu contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais 33 indivíduos por diversos crimes, incluindo tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado de Direito e pertencimento a organização criminosa armada.

Em 272 páginas, Gonet descreve em detalhes eventos que vão de 2021 até 8 de janeiro de 2023 e procura mostrar que houve uma elaborada tentativa de manter Bolsonaro no poder, apesar de ele ter perdido a eleição em 2022.

Na visão do procurador, o plano tinha múltiplos eixos, incluindo os acampamentos na frente de quarteis e a famigerada invasão da praça dos Três Poderes.

Foi ainda incisivo ao descrever Bolsonaro e seus principais lugar-tenentes como incitadores e líderes do 8/1, que o Supremo Tribunal Federal já considerou, em centenas de processos, ter sido um tentativa de golpe e de abolição do Estado de Direito, além da inquestionável depredação de patrimônio público.

Oferecida a denúncia, cabe ao STF decidir se a acata, o que é quase certo. Contudo há, nos bastidores, um embate.

Alexandre de Moraes, o relator do inquérito, quer direcionar os casos para a 1ª Turma, mas há ministros descontentes com essa ideia. Seria de fato preferível que o julgamento, por sua repercussão e octanagem política, fosse para o plenário. Este é o momento de o Supremo apostar na força da colegialidade.

A peça da Procuradoria-Geral da República (PGR) é persuasiva, mas, como toda denúncia, envolve elementos interpretativos.

As defesas de Bolsonaro e dos outros acusados terão agora a oportunidade de avaliar o material reunido pela acusação, identificar pontos fracos e oferecer a sua versão dos fatos, além da possibilidade de produzir novas provas.

Os julgadores então analisarão o conjunto da obra e formarão seu juízo. É isso o que prevê o Estado democrático de Direito, que, a crer na PGR, Bolsonaro e seus aliados tentaram derrubar.

Além disso, Gonet foi relativamente ágil na elaboração da denúncia. Em tese, é possível que Bolsonaro já esteja julgado e condenado pelo Supremo até o final deste ano, o que complicaria seus planos de tentar manter-se influente no cenário político estando atrás das grades por tentar derrubar a democracia.

editoriais@grupofolha.com.br

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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