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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista, advogado e aposentado, em 24/02/2025)
Um dos grandes problemas da idade é a morte dos amigos. É natural. Quanto mais vivemos, mais nos aproximamos da morte. Eu nunca esqueço do saudoso padre Assis, que sempre que lhe dávamos notícia da morte de alguém, perguntava qual era a idade da pessoa. Um dia lhe perguntei: “Por que a curiosidade com a idade dos falecidos?” E ele me respondeu: “Para ver se está perto da minha vez”.
No meu caso, tem morrido tanto amigo mais novo do que eu, que fico pensando, se já não passei também da idade de ir prestar contas.
A morte de mais um dos meus amigos, mais uma vez me advertiu. Era 16 anos mais novo do que eu. Colega de banco, cunhado, mas, mais do que tudo, amigo. Ligava para mim, quase todo dia, para dar notícia de alguém que tinha morrido ou para comentar algum assunto novo da política, fosse local, estadual ou nacional. No domingo, 16 de fevereiro, morreu meu cunhado Aldo da Nóbrega Lucena.
Já estava aposentado do Banco do Brasil, há uns bons anos, depois de passar por Patos, Piancó, Coremas, Brasília e várias agências em João Pessoa. Por onde passou só fez amigos. Mas se arrependera por que ficara desocupado. Eu bem que o advertira, que a aposentadoria muitas vezes nos traz a sensação de inutilidade e até leva à depressão.
Ele não era deprimido, pois tinha algumas atividades, como pedalar todo dia pela manhã, pelas ruas da capital, até se excedendo ao pedalar por mais de trinta quilômetros. Gostava de conversar e participava de um grupo na praia onde se comentava de tudo um pouco. Fazia frequentes viagens à Ceasa e agora mais recentemente ao Mercado Central, para se abastecer de frutas e verduras, mas, principalmente, para bater papo com os conhecidos e vendedores.
Gostava demais de política, mas oscilava de um lado para o outro. Uma hora criticava, qualquer governo, outra critivava o outro lado.
E tinha um defeito muito grande, se preocupava muito com os outros e se esquecia de si próprio, principalmente da saúde. Ajudava “Deus e o mundo” e na maioria das vezes não era correspondido.
Era animado, contador de piadas, sempre alegre e zuadento. Onde estivesse chamava a atenção.
No âmbito familiar, tentava ajudar todo mundo e se preocupava com todos. Por isso vai nos fazer muita falta.
Há quarenta anos participando da família, considero a todos os cunhados como irmãos. Dona Maria Nóbrega, minha sogra, poucos dias antes de morrer, no último “final de ano” da vida, reunida a familia, me chamou para perto de si e me disse baixinho. “Você é meu filho mais velho”. Por isso, mais do que um colega e um amigo, perdi um irmão.
Por último, vamos registrar uma coincidência da vida. Neste domingo, 23/02, foi celebrada a missa de oito dias pelo seu falecimento, na Matriz de Santo Antônio, em Tambaú. Fiquei surpreso quando o Padre, no início da missa disse que uma das intenções da missa era por um velho amigo de juventude, com quem participara dos movimentos de jovens da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Patos, e o citou nominalmente. Depois da Missa fui conversar com o padre. Ele disse que é natural de Patos e conviveu com Aldo que era da mesma idade que ele, 63 anos. Trata-se do Monsenhor Ivônio Cassiano, pároco da Paróquia de Santo Antônio de Lisboa, em Tambaú. Por sinal, muitos dos componentes da colônia patoense em João Pessoa, incluíndo inúmeros colegas de banco, se fizeram presentes na missa celebrada às dez da manhã, na Matriz da paróquia.
Na oportunidade, Adezilton Batista de Sousa, aposentando do BNB, leu uns versos que fez em homenagem a Aldo, de quem dizia: “Muito mais do que um amigo/Ele era um irmão/Que desde a adolescência/Partilhamos diversão/Com alegria e muitas festas/Nas noitadas com serestas/Assustados de montão”. E concluía mais adiante: “Deixa um vazio imenso/Em todos os corações/Pros amigos e família/Só restam recordações/Deste ser iluminado/Que por nós foi muito amado/E só fez belas ações”.
Além dos colegas, cunhados e amigos, pranteiam a sua ida, os irmãos: Ataimar, Ademir, Ademar, Arlene, Auzenir, Ângela, Aécio e Alberto. Deixou uma filha do coração, Emily, e um neto, João Vitor, a quem queria muito bem.