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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 25/02//2025)
Com a denúncia feita pelo Procuradoria Geral da República em desfavor de Jair Bolsonaro e outros trinta e oito parceiros seus na tentativa de golpe militar em fins de 2022, os bolsonaristas estão encurralados, diante da imensa possibilidade de, não só Bolsonaro, mas todo o grupo terminar na prisão.
Inconformados com a derrota nas eleições daquele ano, com que a maioria deles não contava, já que vinham trabalhando há muito tempo para permanecerem no poder, resolveram tentar dar um golpe, que já vinha sendo preparado desde o início do governo.
Os preparativos para um possível golpe já vinham sendo elaborados desde muito tempo. Com a tentativa de desclassificar o Supremo Tribunal Federal e o Judiciário como um todo, levantar dúvidas sobre a segurança das urnas eletrônicas, incentivar a posse de armas, mobilizar seus seguidores em motociatas e atos públicos e organizar e apoiar a presença de grupos de seguidores na porta dos quartéis, Bolsonaro e seus partidários estavam preparando o campo para uma tomada do poder, fosse de que forma fosse.
A nossa sorte foi a firmeza do Poder Judiciário, principalmente do STF e do TSE, em defesa da democracia e da segurança das urnas eletrônicas e o fato de o grosso das Forças Armadas não haver embarcado na aventura golpista. Depois da derrota nas urnas fizeram uma última tentativa de golpe que foi desmotada pela falta de adesão dos militares. Só os militares que estavam “mamando” em altos cargos do poder é que embarcaram na aventura golpista, seguidos pelos bandidos que provocaram a destruição da Praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Estes últimos já estão pagando pela sua participação e aquele grupo de militares, em sua maioria, já foram denunciados pela PGR, e os processos deverão ser iniciados em breve, talvez já acompanhados de mais algumas prisões preventivas, inclusive a de Bolsonaro, para impedir uma tentativa de ele pedir asilo em alguma embaixada.
Agora os bolsonaristas, enquistados no Congresso, na Imprensa, no Agro, nos CACs e no próprio Judiciário, tentam desqualificar a denúncia da PGR dizendo que as acusações são vazias. Mas há aí um detalhe muito interessante. A PGR não se restringiu na sua denúncia a apontar os fatos mais recentes ligados ao golpe, mas a mostrar tudo que vinha sendo preparado há quatro anos para tornar possível a realização de um golpe militar diante de uma derrota não impossível nas eleições de 2022.
Outra questão, levantada pelos bolsonaristas é com relação à previsão legal de Bolsonaro e seus futuros companheiros de prisão serem julgados por uma turma do STF, ao contrário dos golpistas de 8 de janeiro que foram inicialmente julgados pelo plenário, enquanto os últimos foram julgados por uma das turmas, com base em modificação do regimento interno do STF. Mas os bolsonaristas estão recebendo uma vantagem. Mesmo condenados pela primeira turma do STF, como previsto, eles ainda podem apelar, se encontrarem brecha, por um novo julgamento em grau de recurso, pelo plenário do STF, onde contam com a divergência de pelo menos dois ministros nomeados por Bolsonaro, o que será insuficiente para livrar a cara de Bolsonaro e seus seguidores mais próximos.
Daqui para frente vamos ter o lenga-lenga dos bolsonaristas tentando dizer que não há na denúncia provas suficientes para condenar ninguém, mas a Procuradoria Geral da República apontou elementos suficientes para isso, e a Polícia Federal tem demonstrado uma tremenda capacidade de encontrar provas, nas mais diversas fontes, para fundamentar as suas apurações. Vamos esperar para ver.