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(Misael Nóbrega de Sousa,jornalista, professor universitário e poeta, em 26/02/2025)
Mal tomaram posse, os novos vereadores da Câmara Municipal de Patos tem encaminhado uma avalanche de pedidos ao prefeito: recapeamento de ruas, reativação de escolas, instalação de restaurante popular e muitas outras demandas.
Seria esse um exemplo clássico de que “vassoura nova varre bem”, ou apenas um esforço para marcar posição no início do mandato? A questão central não é a quantidade de requerimentos, mas a efetividade do papel legislativo. Vereadores não são despachantes do Executivo, mas agentes de fiscalização e formulação de leis.
Chama a atenção que a ampla maioria dos parlamentares pertence à base do prefeito Nabor Wanderley. Isso pode significar duas coisas: ou teremos uma Câmara harmônica, com diálogo produtivo, ou um Legislativo submisso, onde pedidos ao prefeito serão apenas gestos protocolares para inglês ver. Se for o segundo caso, as ruas continuarão esburacadas, as escolas fechadas e o restaurante popular seguirá no papel.
O tempo dirá se essa pressa é vontade genuína de trabalhar ou apenas encenação. O povo de Patos, que depositou sua confiança nesses vereadores, precisa ficar atento: eles foram eleitos para legislar e fiscalizar, não apenas para pedir. Se a cidade está suja, talvez não seja só a vassoura que precise ser nova, mas também a forma de governar.
*Editorial do jornal Notícias da Manhã da rádio Espinharas FM de Patos 97.9 em 26 de fevereiro de 2025.