Ao levar Gleisi para o governo, Lula dá sinais preocupantes

By | 04/03/2025 6:36 am

Nova ministra das Relações Institucionais já teve atritos com políticos proeminentes e é crítica ao controle de gastos

 

(Opinião da Folha, em 03/03/2025)

 

A imagem mostra uma mulher com cabelo liso e loiro, usando um blazer escuro e uma blusa preta. Ela está em um ambiente com fundo de madeira clara, olhando para a câmera com uma expressão séria. A mulher usa brincos de pérola e um colar discreto.
Gleisi Hoffmann, presidente do PT indicada como ministra das Relações Institucionais
Gabriela Biló/Folhapress

Gleisi Hoffmann deixará a presidência do PT para se tornar ministra das Relações Institucionais, responsável pelas articulações com parlamentares e partidos. É também provável que coordene alianças para as eleições de 2026.

Aguerrida defensora da linha gastadora petista, Gleisi criticou o moderado projeto de contenção de despesas do ministro Fernando Haddad (Fazenda), que chamava de “austericídio”, e combateu a política monetária.

É fiel ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e esforçou-se para dar ao PT o maior número de ministérios, mesmo o governo sendo minoritário no Congresso Nacional.

Passou a mensagem de que é menor a possibilidade de ampliação do diálogo com outros partidos, correntes de pensamento e setores sociais que não aqueles mais fiéis a ele mesmo e ao ideário petista. Reafirmou também que pode não adotar a política de moderação de gastos e tímidas reformas fiscais de Haddad.

O ministro da Fazenda perdeu, de resto, raro aliado no Planalto, Alexandre Padilha, que deixou o cargo para ser ministro da Saúde.

É outro indício de que Haddad tem apoio mínimo para seu programa, o que ficou evidente com a mudança da meta de saldo primário em abril de 2024, a desidratação do plano fiscal em novembro, e as afirmações de Lula, em janeiro deste ano, que sinalizam poucas chances de melhoria na gestão das contas públicas.

Firme, combativa e com histórico de desavenças com figuras e partidos relevantes do Congresso, Gleisi deverá negociar a aprovação de projetos que o Planalto julga vitais para a recuperação de sua popularidade —o maior deles é o da isenção do Imposto de Renda para parte dos assalariados.

Abrindo mão dessa receita, o governo terá de tributar rendimentos do topo da pirâmide, o que desagrada o Congresso. Quanto maior a proximidade de 2026 e pior a avaliação da atual gestão, será menos provável que Lula conte com a boa vontade de deputados e senadores.

Para conseguir obter sucesso, Gleisi teria de renegar a defesa obstinada dos interesses do petismo, desfazer a crença de que não vai solapar o que resta de credibilidade da política econômica e conquistar votos para o programa de incremento da posição de Lula nas pesquisas em um ambiente indócil no Legislativo.

editoriais@grupofolha.com.br

Comentário

Category: Blog Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *