O Pix do PCC (confira comentário nosso)

By | 06/03/2025 9:17 am
Imagem ex-librisA Polícia Federal e o Ministério Público de São Paulo deflagraram recentemente uma operação para combater a lavagem de dinheiro do tráfico de drogas do Primeiro Comando da Capital (PCC) por meio de instituições de pagamento, também conhecidas como fintechs. Segundo os investigadores, esse crime é possível graças a lacunas de fiscalização que foram muito bem exploradas pela facção, cujo fortalecimento financeiro ameaça o País.

Entraram na mira da Operação Hydra a 2Go Instituição de Pagamento Ltda. e a Invbank Solução de Pagamentos. Entre os donos de uma dessas empresas está um policial civil de São Paulo, que foi preso. E um integrante do PCC seria sócio de outra delas.

A delação do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, que trabalhou com o bando, depois entregou seus esquemas e foi executado no Aeroporto de Guarulhos, levou os investigadores às duas instituições. Segundo Gritzbach, uma intrincada rede de laranjas, com empresas de fachada e até beneficiários de programas sociais, lavava dinheiro do PCC, sobretudo por meio do Pix.

Relatórios de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ampliaram as suspeitas. Depósitos de dinheiro em espécie eram feitos aos montes, em valores picados, para que, posteriormente, os bandidos pudessem comprar imóveis de luxo, realizando os pagamentos via Pix.

Essa engenhosidade mostra a forma como essa facção tem operado seus inúmeros tentáculos. E a cada golpe desferido pelos investigadores, o PCC de algum modo se refaz, o que revela sua ampla rede de atividades ilícitas. Por isso, medidas eficazes para cortar as ramificações dessa organização criminosa não podem ser negligenciadas.

Não faz muito tempo, a Receita Federal, por meio de uma portaria, tentou ampliar a fiscalização sobre o Pix, justamente para flagrar operações do crime organizado. A ideia era obrigar operadoras de cartão de crédito e instituições de pagamento – veja só – a notificar o Fisco em caso de movimentação mensal superior a R$ 5 mil por pessoas físicas e a R$ 15 mil por pessoas jurídicas. A medida, contudo, foi revogada a mando do presidente Lula da Silva, porque foi tratada pela oposição ao governo como um primeiro passo para “taxar” o Pix.

Ou seja, a tibieza do governo, incapaz de sustentar uma medida correta apenas porque a oposição a transformou em munição para desgastar o governo, tornou mais difícil flagrar o crime de lavagem de dinheiro, essencial para a manutenção dos negócios do PCC e de outros bandos criminosos.

Operações como a Hydra só reforçam que o Banco Central precisa endurecer os mecanismos de controle das fintechs, com rigor semelhante ao imposto aos bancos. Já do governo federal se esperam normas que permitam rastrear com eficácia movimentações suspeitas a fim de cessar tantos negócios espúrios. E dos políticos se espera que, doravante, medidas sérias que ajudam a combater o crime organizado não sejam sabotadas pela oposição nem abandonadas pelo governo por cálculos exclusivamente eleitoreiros.

Comentário nosso – Vejam aí por que os bolsonaristas e alguns políticos reclamaram tanto quando a Receita Federal tentou aumentar o controle sobre os PIX. Por que as autoridades iam descobrir as maracutaias das facções e dos políticos de modo geral. O uso do PIX é bom para a população de modo geral, mas muito melhor para quem pretende fazer lavagem de dinheiro. Os pobres não têm o que temer, por que nunca vão ter fortunas em dinheiro para manejar, mas os desonestos iam ser desmascarados. (LGLM)

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Category: Blog Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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