(Misael Nóbrega de Sousa, jornalista, professor universitário e poeta, em 14/03/2025)
Não existe mais São João
Com seu brilho colorido,
Forró solto no salão,
Pano de chita, florido,
Xaxado, xote e baião…
Mataram a tradição,
Deixando o povo esquecido.
A família então ficava
No terreiro, reunida;
Quando a sanfona tocava,
Para a festa tão querida,
A animação começava,
E a poeira levantava
No chão de terra batida.
Mas que pena! O Sertão
Não tem mais festa junina.
Cadê aquele pavilhão
Onde o menino e a menina
Faziam adivinhação?
Sepultaram o São João
Com sua tradição divina.
Tudo aqui tem seu valor:
O milho que faz canjica,
A feira, o cantador,
O vaqueiro, a oiticica…
E se a noite faz calor,
De manhã nasce uma flor
Da chuva que cai da bica.
É triste ver o Nordeste
Aceitar essa indecência.
Prefeito, cabra da peste,
Tenha um pouco de clemência!
Já basta de tanto teste,
O São João mesmo que preste
É o que preserva a essência.
Comentário nosso – Tem toda razão, Misael. Parece uma piada a programação do pretenso São João de Patos. Nas atrações principais, não tem um só cantor ou banda do legítimo forró. Bastariam os valores que vão ser pagos a Wesley Safadão para se fazer um São João Legítimo com alguns dos melhores forrozeiros da atualidade. O nosso São João se transformou em um “caça-níqueis” visando enriquecer um grupo de pessoas. E a administração municipal vai “torrar” alguns milhões, numa festa que não terá nada de junina. Ao invés de São João deve ser anunciado como um Sertanejoão. Se você quer brincar o São João, não perca tempo e dinheiro vindo para Patos. O antigo São João que aqui se fazia não existe mais. (LGLM)