Acordo com STF reduz farra das emendas parlamentares

By | 07/04/2025 12:10 pm

Deputados e senadores deram início ao processo de divulgação dos padrinhos de recursos enviados a Estados e municípios

 

 

Fachada do Congresso Nacional, em Brasília (DF) – Jonas Pereira/Folhapress

Congresso Nacional deu mais um passo em seu acordo com o Supremo Tribunal Federal para racionalizar o uso das emendas parlamentares. Já não era sem tempo, pois esses repasses, do modo como têm sido feitos, comprometem sobremaneira a qualidade dos gastos públicos em um Estado já deficitário.

Como parte das exigências do STF, deputados e senadores começaram na semana passada o processo de divulgação, de forma individualizada, dos padrinhos de recursos enviados a estados e municípios por meio de emendas de comissão.

Espera-se, com isso, eliminar ao menos um dos graves problemas dessa modalidade de dispêndio: a falta de transparência sobre o real autor da indicação.

A opacidade, contudo, não é a única distorção que precisa ser corrigida. Há outras, como o uso eleitoral das verbas, a baixa eficiência na aplicação e a desigualdade na distribuição —todas exemplificadas nas canetadas de Carlos Fávaro, senador licenciado (PSD) e ministro da Agricultura e Pecuária no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Cotado para concorrer ao Governo de Mato Grosso em 2026, Fávaro destinou R$ 29 milhões a Jangada (MT) em 2023. A cidade de 7.426 moradores reelegeu em primeiro turno o prefeito Rogério Meira (PSD), aliado do ministro. Feita uma conta básica, a bolada equivale a R$ 3.956 por habitante.

O valor chama a atenção em termos absolutos, mas algumas comparações evidenciam o despautério. Na média, municípios com prefeitos reeleitos foram beneficiados por aliados com R$ 85 por habitante. São Felipe d’Oeste (RO), a segunda cidade que mais recebeu dinheiro nesse grupo, ficou com R$ 1.940 por pessoa.

Para piorar, 98% da verba chegou a Jangada por meio das chamadas emendas Pix, que caíram direto no caixa da cidade, sem vinculação a projetos específicos.

Folha procurou o ministério e a Prefeitura de Jangada para saber por que o valor foi tão alto e onde as verbas foram aplicadas. Não houve resposta.

Como parte do acordo com o STF, as emendas Pix agora só podem ser pagas mediante planos de trabalho. Avança-se aos poucos, mas ainda falta muito para interromper essa farra com a qual o Congresso se habituou.

editoriais@grupofolha.com.br

Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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