(Misael Nóbrega de Sousa, jornalista, professor universitário e poeta, em 11/04/2025)
A denúncia feita pelo sindicato dos agentes de trânsito de Patos acendeu um sinal de alerta sobre a Superintendência de Trânsito da cidade, a STTRANS. O Ministério Público, instaurou um procedimento administrativo para apurar irregularidades que vão desde desorganização interna até suspeitas de favorecimento e perseguição a servidores.
As escalas de trabalho, segundo relatos, têm sido manipuladas sem critério, gerando desconforto e desmotivação entre os agentes. Há ainda denúncias graves de má-fé administrativa, com agentes sendo alvos de perseguições e pressão psicológica por parte da gestão. Um ambiente tóxico como esse não apenas compromete o serviço público, mas adoece o servidor e afeta diretamente o cidadão que depende de um trânsito organizado e seguro.
O mais preocupante, no entanto, é a resposta do prefeito Nabor Wanderley à categoria: “Se resolvam, vocês já são de maior.” Um silêncio institucional disfarçado de indiferença. Quando a autoridade máxima do município se isenta de intervir num conflito entre servidores e gestão de uma autarquia, está, na prática, lavando as mãos diante de um problema que tem consequências reais para a cidade.
A fala do prefeito sobre a STTRANS precisar ser “autossustentável” e a recusa em discutir a valorização salarial da categoria reforçam uma lógica perigosa: a de tratar um serviço essencial com critérios puramente econômicos, como se fosse uma empresa privada com meta de lucro, pode descambar para uma indústria de multa.
A gestão da STTRANS, pelo visto, não é uma unanimidade nem entre os próprios servidores. E a insistência em manter um modelo autoritário, que ignora a realidade do trabalho diário dos agentes, só piora o que já está ruim: a precariedade do serviço de remoção de veículos, a desorganização das ruas e a falta de comando efetivo.
O trânsito de uma cidade reflete a forma como ela é administrada. E em Patos, infelizmente, os sinais de advertência estão sendo ignorados há tempo demais. Que o Ministério Público cumpra seu papel e que a população compreenda: o problema não está só no semáforo quebrado, no carro mal estacionado, ou na ausência do serviço de zona azul — começa lá dentro, onde a má gestão virou costume.
*Editorial do jornal Notícias da Manhã da rádio Espinharas FM de Patos 97.9 em 11 de abril de 2025.
Comentário nosso – Concordamos com o colega Misael, em gênero, número e grau. E Nabor dá uma demonstração clara de que está despreparado para a função para a qual o elegeram. Nossos eleitores se iludem com “conversa bonita e uma sandália japonesa”. Apesar de ser uma autarquia, a STTRANS não é autossustentável, como seria uma empresa de energia elétrica, uma empresa de ônibus ou uma empresa de água e esgotos que teriam renda própria para se manter. A obrigação de cuidar do trânsito da cidade é da administração municipal e para isso ela deve financiar a STTRANS na medida em que ela for autossustentável. Já pensaram se os motoristas de automóveis e de motos de Patos fossem perfeitos e não cometessem infrações, quem iria fiscalizar o trânsito para que este paraíso continuasse a existir? Ao criar uma Superintendência de Trânsito a administração municipal não se livrou da responsabilidade pelo trânsito da cidade. O prefeito tem que fiscalizar a STTRANS para ver se ela está funcionando perfeitamente e se não estiver quem é o responsável por isso e porque não está funcionando. Se é por falta de meios o prefeito tem que suprir os meios que faltam, se não tem que mudar o superintendente e colocar alguém capacitado para fazê-la funcionar como devido. O prefeito não pode, como Pilatos, simplesmente “lavar as mãos”, o que só comprovaria a sua total incompetência o que seria surpresa para os “puxa-sacos” de sempre. (LGLM)