Governo Lula falha na segurança pública, mas dá nó na oposição ao apresentar PEC (confira comentário nosso)

By | 14/04/2025 7:24 am

Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski tenta costurar um amplo arco de apoio para as medidas, enquanto os parlamentares contrários ao Palácio do Planalto estudam estratégias para desgastar a proposta

 

(Roseann Kennedy e Iander Porcella, na Coluna do Estadão, em 14/04/2025)

governo Lula falha na segurança pública desde o começo do mandato, mas deu um nó na oposição ao apresentar ao Congresso, na última semana, uma PEC para tratar do assunto. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, tenta costurar um amplo arco de apoio para as medidas, enquanto os parlamentares contrários ao Palácio do Planalto estudam estratégias para desgastar a proposta.

Na noite do domingo, 13, Lewandowski participou de uma conversa com advogados de esquerda e magistrados em São Paulo. Um dos anfitriões, o criminalista Pierpaolo Bottini ressaltou que a esquerda puxa a pauta da segurança pública para si com a proposta no Congresso.

Mesmo sendo um dos pontos fracos da gestão petista, segundo pesquisas, a discussão demorou a tomar forma no governo. Somente quando a popularidade de Lula despencou neste ano e o marqueteiro foi acionado, a conclusão clara: segurança será o grande tema das eleições 2026, a oposição detém o monopólio do tema e a gestão petista precisa mostrar algo. Eis que foi apresentada a minuta da PEC que, apesar de juntar apoios políticos, também é alvo de uma série de críticas.

No começo do governo Lula 3, a segurança pública foi apontada como a área temática com pior avaliação entre os eleitores brasileiros. Como mostrou a Coluna do Estadãoo presidente foi alertado de que perdera o debate sobre esse tema e não tinha ações concretas, nem sequer um plano para apresentar.

No fim daquele mesmo ano, o então ministro da Justiça, Flávio Dino, chegou a afirmar que apresentaria cinco projetos de lei ao Congresso relacionados à segurança, mas a ideia não se concretizou. E o plano que prometeu apresentar era apenas uma série de páginas, sem nada efetivo.
Lewandowski, por sua vez, tentava desde o ano passado obter o aval para apresentar a PEC da Segurança. A proposta chegou a ficar meses parada na Casa Civil, comandada por Rui Costa. Diante de tantas resistências internas, segundo interlocutores, o ministro da Justiça chegou a avaliar pedir demissão, mas foi convencido a ficar no governo.
Mas o histórico de declarações de Lula e do PT sobre temas da segurança pública não ajuda o governo, nem mesmo o marketing. Recentemente, voltou a circular um vídeo de 2019 em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dizia que não podia ver mais jovens assassinados pela polícia “às vezes inocente ou às vezes porque roubou um celular”. A fala gerou polêmica e foi usada pela oposição para desgastar o governo.

O Palácio do Planalto, então, colocou uma estratégia de comunicação em ação e, além de destravar a PEC, anunciou o programa “Celular Seguro”, com um aplicativo que permite comunicar roubos e furtos de celular de forma rápida. Lula também calibrou o discurso e disse que não permitiria que o País virasse “a república de ladrão de celular”.

Lewandowski ganhou do Congresso o compromisso com o avanço rápido da PEC. Como mostrou a Coluna do Estadão, o ministro chegou a recorrer a Michel Temer em busca de apoio para aprovar as medidas. Ele fez questão de lembrar ao presidente da CâmaraHugo Motta (Republicanos-PB), e líderes da Casa que a proposta de emenda constitucional trata da coordenação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp), criado em 2018 pela gestão do ex-presidente do MDB.

A oposição, por sua vez, apontará o que considera uma falha no texto: a falta de medidas concretas para combater o crime organizado. Além disso, continuará rejeitando uma centralização maior da segurança pública no governo federal. “Corremos o risco de cometer o mesmo erro que o México cometeu. Eles centralizaram no governo a segurança e a violência descambou”, disse à Coluna do Estadão o presidente da Frente Parlamentar da Segurança Pública, Alberto Fraga (PL-DF). “Não tem nada que combata as organizações criminosas”, emendou.

Comentário nosso – Claro que a oposição, no seu propósito de sabotar o Governo Lula, sempre vai criticar qualquer proposta, por boa que seja, do atual governo. Mas, a nosso ver, a PEC proposta por Ricardo Lewandowski está no caminho certo. O crime cometido por facções tem um caráter nacional e deve ser enfrentado pela Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, com a participação efetiva das polícias estaduais. Esta federalização da criminalidade facciosa não representa interferência no poder dos Estados, apenas torna mais efetivo o combate, impedindo que criminosos de um Estado se refugiem em Estados onde o combate a eles seja mais brando, além do mais, os facciosos se submetem a um comando nacional, cujo combate deve caber às Polícias Federais. (LGLM)

Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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