(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, em 18/04/2025)
A exemplo do que acontece com os advogados que precisam se submeter ao Exame da Ordem antes de começarem a exercer a sua profissão, está na hora de os médicos também se submeterem a um Exame para que se avalie se eles estão em condições de exercerem a sua profissão. O Senado já aprovou o que está sendo chamado de “OAB de Medicina” um exame a ser aplicado ao término da Faculdade de Medicina. O projeto precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados e promulgado pelo Presidente da República, para entrar em vigor.
O grande problema é a proliferação de cursos de Medicina em faculdades privadas o que está resultando na baixa qualidade dos médicos que saem das faculdades de modo geral. Nos últimos dez anos foram colocados em funcionamento no país, o mesmo número de faculdades de Medicina abertas nos dois séculos anteriores.
Aqui uma pergunta que muita gente faz. Uma faculdade que cobra doze mil reais de mensalidade será que vai reprovar algum dos seus alunos?
O correto é cada novo profissional, seja saido de faculdade pública seja de faculdade privada, assim como acontece com os advogados, serem testados para ver se estão minimamente preparados para exercerem a sua função. Quem não passar, não pode exercer a profissão. Tenta no próximo exame até conseguir uma aprovação. Com isso as escolas procurarão melhor o seu ensino e os alunos procurarão se interessar mais pelo ensino que lhes é ministrado. Não tem sentido a gente entregar a nossa saúde e a dos nossos filhos a qualquer um só porque recebeu um diploma de médico.
Nada temos contra as faculdades particulares como um todo, assim como não queremos dizer que o médico formado numa universidade pública é melhor do que aquele que sai de uma escola de Medicina particular. Conhecemos excelentes médicos formados em faculdades particulares, mas conhecemos exemplos de profissionais que viram “piada”. Em Patos mesmo, viraram anedota dois médicos novos, formados alguns anos atrás. Um dele atendia com um “tablet” na mão, onde ia consultando a medida que ouvia o paciente, para fazer um diagnóstico. Outro depois de ouvir o paciente, ligava para o pai, por sinal um profissional respeitável, e depois de repassar o que tinha ouvido lhe fazia a pergunta já conhecida: “O que é que eu faço, Painho?”
Não é novidade para ninguém a falta de capacidade de fazer diagnóstico da maioria dos médicos mais jovens, razão pela qual a maioria das consultas são acompanhadas da requisição de análises clínicas e de exames de imagens.
Eu nunca esqueci de um fato que aconteceu com relação a gestação de minha filha caçula. Depois de um ano de tratamento os mais diversos de minha esposa com o mesmo médico ginecologista, sem sucesso, minha sogra sugeriu que ela consultasse o Dr. Olavo Nóbrega: “Ele está velho mais ainda sabe das coisas”, disse ela. E foi o que aconteceu. Num único exame fisico no consultório ele deu o diagnóstico: “Inflamação das trompas”. Passou uma medicação e pediu que ela voltasse com trinta dias. Quando voltamos ele, prescreveu um teste para confirmar a gravidez. E o teste foi positivo.
Os médicos de hoje aprendem na facudade um protocolo, que muda de uma faculdade para outra. Se o paciente estiver sentindo isso, aquilo e aquilo mais, pode ser isso. E vai por tentativa de erros e acertos até “achar que é isso” e passar um monte de remédio. Ou mandar que faça tais e tais análises, tais ou tais exames de imagem. Ou seja vão arriscando até acertar ou desistir e mandar para um especialista naquilo que ela pensa que pode ser o problema.
O exame de proficiência pode não dizer quem são os melhores profissionais, mas dirá no mínimo, os que são menos ruins.