PSDB prepara fusão com Podemos para tentar voltar ao jogo após definhar

By | 19/04/2025 5:52 am

Partido planeja processo em etapas e avalia formar federação com Solidariedade para viabilizar nome à Presidência em 2026

Após negociar com grandes partidos uma fusão, o PSDB deve optar por um processo de alianças com siglas menores. Na reta final do prazo estabelecido por seus líderes para decidir o futuro da legenda, a expectativa na cúpula tucana é anunciar em duas semanas a união com o Podemos.

O grupo planeja um processo em etapas, em que a fusão com o Podemos seria seguida pela formação de uma federação com o Solidariedade. O objetivo do PSDB é voltar ao jogo e apresentar uma candidatura alternativa aos campos dominados pelo presidente Lula (PT) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O movimento busca manter a identidade e a história do partido, evitando que a legenda seja incorporada por siglas maiores. A decisão, no entanto, cria uma ameaça de saída dos dois governadores que restaram no PSDB e que cobram maior estrutura para as eleições.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), um dos dois chefes de governo estadual da sigla – Pedro Ladeira – 2.jul.2024/Folhapress

Os defensores da aliança tentam convencer Eduardo Leite (Rio Grande do Sul) e Eduardo Riedel (Mato Grosso do Sul) a permanecer no partido, com o argumento de que a nova agremiação teria mais fundo eleitoral e partidário do que outras, como Republicanos, MDB, PSD e PP.

Os governadores do PSDB definiram abril como o prazo final para o partido decidir com quem se aliará na tentativa de sobreviver após definhar. O processo de encolhimento seu deu com a perda do protagonismo na oposição ao PT para Bolsonaro e com os principais líderes da sigla denunciados na Operação Lava Jato.

A legenda chegou a eleger 99 deputados federais e sete governadores em 1998, além de contar com 16 senadores. Na eleição nacional passada, quando nem sequer lançou candidatura própria para a Presidência, foram apenas 13 deputados federais, três governadores e nenhum senador. Além disso, 2024 foi a pior eleição municipal na história do PSDB.
Deputado federal Aécio Neves (MG) durante evento do PSDB em Brasília
O deputado federal Aécio Neves (MG) durante evento do PSDB em Brasília – PSDB no X/Divulgação/@PSDBoficial no X

Na tentativa de se manter vivo, o PSDB buscou um amplo leque de partidos para formar uma federação (cenário em que as legendas ficam coligadas por quatro anos) ou uma fusão (quando a união é definitiva). Tentou até alianças mais à esquerda, com o PDT, ou a junção com outras mais identificadas com o centro, como MDB ou PSD.

Todas as alternativas esbarraram em problemas estaduais, como a dificuldade de Aécio fazer uma composição com o PSD em Minas Gerais ou do presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, aliar-se com o MDB em Goiás. Também houve desentendimentos ideológicos, já que o PDT faz parte do governo Lula, e a direção do PSDB é contra se aliar aos petistas.

A última alternativa foi o Republicanos, opção defendida por Riedel, que se reuniu com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para tratar da possível aliança.

A fusão entre os dois partidos era vista como o cenário mais provável no começo de abril, mas a conversa não teria avançado pela preferência do Republicanos por incorporar o PSDB, mantendo o próprio nome e o conteúdo programático.

As conversas com o Republicanos não estão totalmente descartadas, mas agora a ideia agora é deixá-las para um segundo momento, após a fusão com o Podemos. Nesse cenário, o novo partido poderia formar uma federação com Solidariedade e o partido de Tarcísio. “É uma possibilidade. Temos que estar abertos a isso, mas é um passo à frente”, afirmou Aécio.

O mineiro diz que a negociação é conduzida por Perillo e pela presidente do Podemos, a deputada Renata Abreu (SP), e acredita que a primeira etapa será concluída em abril. “Em duas semanas, estaremos dando ao Brasil esta nova alternativa ousada de centro, que vai apresentar um novo projeto para o país”, afirmou.

O novo partido deve se chamar provisoriamente #PSDB+Podemos e será presidido por Renata Abreu. Depois, deve ser decidido um nome definitivo.

Também já está praticamente certo que a nova sigla comporá, depois, a federação com o Solidariedade.

A opção por duas legendas menores, confirmada à Folha por três dirigentes tucanos, pode levar à saída de parte dos filiados em busca de maior estrutura para a eleição.

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, sinalizou a aliados que deve se transferir para o PSD, partido para o qual migrou a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, agora ex-tucana.

A cúpula do PSDB aponta que Leite poderia disputar a Presidência pelo #PSDB+Podemos, mas o PSD mantém espaço aberto para o governador gaúcho, com a promessa de controle do diretório gaúcho da sigla.

“São 79 municípios em Mato Grosso do Sul, e é um estado maior do que São Paulo em território. Se você não tiver propaganda na televisão, não atinge a população toda, fica muito difícil fazer campanha”, disse o deputado Dagoberto Nogueira (PSDB-MS).

Tesoureiro nacional do PSDB, o ex-governador do Mato Grosso do Sul Reinaldo Azambuja disse que o partido ainda aguarda as propostas formais de Republicanos e Podemos para avaliá-las. “Há possibilidade de os três caminharem juntos. Queremos construir um projeto nacional, e um projeto nacional você não constrói sozinho”, afirmou.

Para evitar o esvaziamento, as direções do Podemos e do PSDB elaboraram um estudo que mostra que, juntos, eles terão mais fundo partidário do que MDB e PSD, e mais dinheiro público na eleição do que o Republicanos. Se a federação com o Solidariedade também ocorrer, poderiam ser 33 deputados federais, sete senadores e três governadores. A expectativa é não apenas conter a debandada, mas filiar outros parlamentares em 2026.

 

Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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