Medicamento genérico tem menos efeito que o original?

By | 21/04/2025 11:01 am
Medicamento genérico tem menos efeito que o original?

 

Não. É uma questão mercadológica. Primeiro, precisamos entender como um novo medicamento nasce.

Existem duas fases pelas quais um fármaco precisa passar para que sua eficácia seja comprovada. A primeira é chamada de fase pré-clínica, quando as hipóteses são testadas em animais. É só depois de demonstrarem segurança e eficácia em camundongos (e/ou outros mamíferos) que a droga passa para a fase clínica, e os testes começam a ser realizados em humanos.

Essa segunda fase é dividida em três estágios. Em um momento inicial, um número pequeno (20 a 100) de voluntários saudáveis são tratados com doses do remédio, para garantir a segurança da substância e uma avaliação preliminar da dosagem ideal. É a fase mais rápida, geralmente demorando alguns meses. As fórmulas que forem aprovadas passam para um próximo nível, já mais afunilado.

Com algumas centenas de participantes, esse estágio avalia o desempenho e a dosagem dos medicamentos, sem deixar de lado a segurança, claro. Nesse momento, desenvolve-se a bula do remédio, registrando riscos e cuidados que devem ser tomados caso a substância venha a ser registrada. Tudo isso em um espaço de até quatro anos.

Se o medicamento não for reprovado em uma das fases anteriores (muitos são, por falta de eficácia ou segurança), passa para a terceira fase, que conta com milhares de voluntários. Os efeitos colaterais são observados e estudados por áreas de farmacovigilância, a performance a longo prazo analisada e novas indicações para o produto são exploradas. Geralmente, é a fase mais longa – e cara – do processo.

Esse é um processo científico padrão para garantir a eficácia de um produto que visa tratar um problema de saúde. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o desenvolvimento de um novo remédio pode ultrapassar 10 anos. “De cada 10.000 moléculas testadas, apenas uma se torna um medicamento que será comercializado”, escreve a agência em seu site.

Assim nasce o chamado medicamento de referência. Por causa do tempo e do investimento necessários para esse nascimento, eles chegam nos mercados custando caro. Logo após serem lançados, as empresas responsáveis podem patentear o remédio e ganhar até 20 anos de exclusividade comercial.
Acontece que o processo de patentear um medicamento divulga a fórmula da substância. Ou seja, assim que os 20 anos acabarem, basta pegar a fórmula divulgada no ano da patente para reproduzir o remédio, sem um custo bilionário e com muito mais agilidade. Assim nascem os genéricos.

Os genéricos

Hoje, segundo a legislação brasileira, um remédio genérico deve custar, no mínimo, 35% a menos do que os remédios de referência. Por mais que a diferença de preço assuste, ambos os medicamentos devem ser equivalentes, ou seja, devem agir da mesma forma no organismo.

Para que a segurança e eficácia sejam garantidas, os genéricos passam por “testes de equivalência”, em que são comparados com os medicamentos originais. Para ser aprovado, eles devem ter a mesma composição, prazo de validade e forma de uso (se o original for em pílula, o genérico necessariamente precisa ser nesse formato também).
Não para por aí: a eficácia também será testada por humanos. O acompanhamento desses voluntários vai garantir que o genérico tenha um tempo de absorção, quantidade de princípio ativo e tempo para ser eliminado similares ao de referência.

“Tudo isso não pode variar mais do que 20% em relação ao remédio original”, explica Lucas Zanandrez, biomédico do Olá, Ciência, um canal de divulgação científica, em vídeo.

Depois de todas essas fases, caso o remédio seja aprovado, ganha a tarja amarela e o G maiúsculo para ser vendido em farmácias. Não tem problema comprar o medicamento original ou o genérico – não faz diferença. “Inclusive é comum que a mesma empresa farmacêutica produza o remédio de referência e o genérico”, diz Zanandrez.

Existe ainda um terceiro tipo de medicamentos: os similares.

Os similares

Os remédios similares copiam a fórmula dos medicamentos originais. A diferença entre eles e os genéricos é que os genéricos devem ser cópias idênticas, enquanto os similares podem sofrer alterações (se o de referência for em pílula, os similares podem ser encontrados em gotas, por exemplo). Mesmo assim, eles têm o mesmo princípio ativo, dose e indicação de uso. Além disso, na maioria dos casos, remédios similares podem ter sua própria marca e se popularizar mais do que os originais.

Esses medicamentos também devem ser tão seguros e eficazes quanto a sua matriz e por isso dá para trocar o tratamento por eles também. O que não dá para fazer é trocar um similar por um genérico, já que os efeitos podem ser diferentes.

“Ou seja, se o médico receitou um remédio de referência, pode trocar por genérico ou por qualquer similar”, explica Zanandrez. “Agora, se ele receitou um genérico, ou seja, ele escreveu o nome do princípio ativo, só pode trocar pelo remédio de referência”. O mesmo vale em casos em que o remédio similar seja receitado – não vale trocar por genérico e nem por outro similar.

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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