Precisamos atualizar o Bolsa Família

By | 22/04/2025 7:05 am

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(Luiz Gonzaga Lima de Morais, jornalista e advogado, publicado no Notícias da Manhã, da Espinharas FM, em 22/04/2025)

Até que enfim parece que o Governo Lula abriu os olhos para a necessidade de fazer uma revisão do Bolsa Familia. Talvez a maior preocupação do Governo seja reduzir as despesas que o país vem tendo com a manutenção do programa, mas a nosso ver, é urgente fazer um série de correções no funcionamento do programa.

O brasileiro é mestre em desvirtuar os benefícios criados pelos seguidos governos para melhorar a sua vida. O seguro desemprego é um. Muitos têm transformado o seguro é uma verdadeira indústria de fraudes, por exemplo, forçando demissões só para passarem uma temporada sem trabalhar, recebendo o seguro desemprego, e, muitas vezes, trabalhando sem carteira assinada para receber a dupla remuneração.

Outra fraude é cometida forjando doenças ou acidentes para ficarem “encostados” no INSS ou se aposentarem definitivamente. Em Patos, são conhecidos casos de bancários que “estudaram” para “endoidecer” e se aposentar, mas alguns foram tão castigados que ficaram realmente doidos.

Alguns anos atrás foi criado o Bolsa Familia, uma excelente forma de criar um pouco de renda mínima para quem não tem renda suficiente para manter a família. O programa deveria ser temporário, mas o brasileiro arranjou um jeito de torná-lo permanente. E tem arranjado uma série de maneiras de continuá-lo recebendo mesmo quando não atinge mais a renda mínima necessária para ter direito ao benefício. Uma das formas é simplesmente deixando de trabalhar. E istro foi agravado quando as famílias passaram a ter direito a uma renda mínima de seiscentos reais por mês, independente do tamanho da família.

O Bolsa Familia tem que deixar de ser um substituto permanente do emprego, para voltar a sua ideia natural de ser um substituto eventual do desemprego, um pouco mais demorado do que o seguro pago para o trabalhador que ficou desempregado. Do jeito que está, o Bolsa Família está servindo para desestimular o emprego. Hoje é raro se conseguir, por exemplo, um trabalhador na zona rural e, em algumas profissões, na zona urbana, como, por exemplo, no trabalho doméstico. E muitas domesticas só aceitam um emprego se não assinarem a sua carteira.

Na fiscalização do trabalho encontramos muitos casos de trabalhadores que rejeitavam terminantemente a assinatura da carteira para não perderem o direito ao Bolsa Família. Em Cajazeiras, um cidadão, cuja esposa trabalhava de cozinheira numa churrascaria, armado de facão, exigiu que o patrão dela, lhe devolvesse a carteira sem assinar, para ela não perder o Bolsa Familia.

E há muitas outras formas de burlar o cadastro do Bolsa Família. Um, por exemplo, é usar um endereço fictício para a renda do seu emprego deixar de constar da renda familiar. Outro é evitar o casamento civil, para o marido que trabalha não constar da renda familiar. Claro que muitas destas fraudes são muito dificeis de impedir. Mas um prazo definitivo para o cancelamento do Bolsa Família seria uma forma de impedir muitas fraudes e a tentativa de tornar o benefício, simplesmente, permanente, incentivando o desemprego.

Uma das mudanças que deveriam ser feitas é o benefício voltar a ser proporcional ao tamanho da família. Outro seria estabelecer um prazo máximo de recebimento do benefício. E várias outras mudanças devem ser implementadas. O Bolsa Família, como dissemos acima, está servindo simplesmente, para incentivar o desemprego. Por isso está, realmente, na hora de mudá-lo  radicalmente, mantendo-o apenas para quem inegavelmente precisar dele.

Amigos por hoje é só. Aqui fala Luiz Gonzaga Lima de Morais. Muito obrigado aos ouvintes e até nosso próximo PAPO na terça-feira que vem, se Deus quiser.

Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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