Cerimônia começou na Praça de São Pedro e foi encerrada na Basílica de Santa Maria Maggiore, com o sepultamento sem a presença de fiéis
Mais de 250 mil pessoas participaram do funeral do papa Francisco neste sábado, 26, segundo o Vaticano. A cerimônia começou na Praça de São Pedro, com a Missa das Exéquias, e foi encerrada na Basílica de Santa Maria Maggiore (Santa Maria Maior), em um ato fechado, sem a presença de fiéis, após cortejo fúnebre por um percurso de 5,5 km. De acordo com o Vaticano, o papa foi enterrado às 8h30 (horário de Brasília).

A despedida do pontífice começou com uma missa na Praça de São Pedro às 5h (horário de Brasília). Assim que o caixão fechado foi colocado em frente ao altar externo da basílica, o corpo de Francisco foi recebido com longos e emocionantes aplausos dos fiéis, que se aglomeravam na praça desde a madrugada.
Grupos de jovens chegaram a dormir na Praça de São Pedro para garantir um bom lugar. Por volta de 0h40 de Brasília, uma multidão já aguardava no local. O acesso dos fiéis, que corriam para garantir um bom lugar para dar o último adeus a Jorge Mario Bergoglio, foi liberado pouco mais de 20 minutos depois.

Com o nascer do sol, a multidão tomou conta da Praça de São Pedro. Detectores de metal foram alocados nas principais vias de acesso. A polícia revistava mochilas e pedia que cada pessoa bebesse água de sua garrafa por medida de segurança.

Cerca de 50 chefes de Estado participaram do funeral. Entre eles, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o presidente da Argentina (terra natal de Francisco), Javier Milei, e dez monarcas.
O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, chegou a Roma para participar do funeral duas horas antes da cerimônia. Na sexta-feira, ele tinha sinalizado que talvez não fosse ao funeral por “falta de tempo”.

A celebração foi feita por Giovanni Battista Re, decano do Colégio dos Cardeais. Perto do altar ficaram 220 cardeais e 750 bispos, além de aproximadamente 4 mil padres.
Battista Re chamou Francisco de “um papa do povo, de coração aberto a todos”. O cardeal disse que o argentino sabia se comunicar com um estilo informal e espontâneo e lembrou que a última imagem que muitas pessoas têm de Francisco é a dele proferindo o que se tornaria sua bênção final no Domingo de Páscoa e saudando-o do papamóvel na mesma praça onde seu funeral é celebrado.
“Apesar de sua fragilidade e sofrimento finais, o papa Francisco escolheu seguir este caminho de entrega até o último dia de sua vida terrena”, disse Battista Re durante a homilia.

O cardeal também destacou o fato de Francisco ter defendido durante o seu papado que a Igreja deveria acolher os fiéis sem julgá-los. “Ele foi movido pela convicção de que a Igreja é um lar para todos, um lar com suas portas sempre abertas… uma Igreja capaz de se curvar diante de cada pessoa, independentemente de suas crenças ou condições, e curar suas feridas.”
Battista Re foi interrompido pelos aplausos da multidão quando recordou o compromisso de Francisco com a paz. “Diante das guerras devastadoras destes anos, com horrores desumanos e inúmeras mortes e destruições, o papa Francisco tem incessantemente levantado a sua voz implorando pela paz e apelando à sensatez, a negociações honestas para encontrar soluções possíveis, porque a guerra é apenas a morte de pessoas, a destruição de lares, hospitais e escolas”, disse o decano. “A guerra deixa sempre o mundo pior do que era antes: é sempre uma derrota dolorosa e trágica para todos”, acrescentou.
Após a homilia, as orações dos fiéis foram recitadas em francês, árabe, português, polonês, alemão e mandarim.

Na sequência, o caixão foi levado novamente para a Basílica de São Pedro e, dali, partiu em cortejo fúnebre por um percurso de 5,5 km até a Basílica de Santa Maria Maggiore (Santa Maria Maior). As autoridades italianas estimam que outras 150 mil pessoas estiveram presentes no trajeto do Vaticano à Basílica de Santa Maria Maggiore.
O rito do sepultamento não contou com a presença de fiéis. O enterro nesta basílica, fora do Vaticano, foi um pedido de Francisco porque era onde ele costumava orar em Roma. O último papa a ser sepultado fora do Vaticano foi Leão XIII, que morreu em 1903.
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A partir de domingo, 27, já será possível visitar o túmulo. A lápide tem apenas o nome latino “Franciscus”.
Cortejo passou por lugares icônicos de Roma
O cortejo passou pela galeria Pasa, seguiu pelo Corso Vittorio Emanuele e chegou à Piazza Venezia.

Depois, passou pela via Labicana e a via Merulana. O carro refez a antiga Via Papalis, o trajeto que os papas percorriam em cortejo após a eleição até a Basílica de São João de Latrão, sede da cátedra episcopal de Roma. Ao longo do percurso, o corpo do papa Francisco passou por locais simbólicos como o Coliseu.
Por motivos de segurança, as ruas envolvidas foram fechadas ao tráfego e vigiadas rigorosamente. Os carros estacionados foram removidos e barreiras, instaladas. Um pequeno cortejo de carros com alguns cardeais acompanhou o veículo fúnebre.