Governador tem reforçado a seus aliados que não vai se desincompatibilizar do cargo e pretende concorrer à reeleição em São Paulo
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse em conversas reservadas que não vai se desincompatibilizar em abril do ano que vem porque não quer perder o controle sobre o próprio destino.
A legislação eleitoral exige que ele deixe o cargo seis meses antes da eleição para se candidatar ao Palácio do Planalto. A avaliação de Tarcísio é que não há garantia de que Jair Bolsonaro (PL) indicará um nome para sucedê-lo na eleição de 2026 com tanta antecedência.
Neste cenário, o governador acredita que a desincompatibilização é um risco que não vale a pena ser corrido. Mesmo inelegível, Bolsonaro tem declarado que tentará registrar sua candidatura presidencial até o último momento, o que significa esticar corda até o início de agosto do próximo ano.
Procurado, o governo de São Paulo não se posicionou.

A posição de Tarcísio segue a mesma linha de presidentes de siglas do Centrão. Marcos Pereira (Republicanos) considera que o ideal é que Bolsonaro indique um sucessor até dezembro para dar tempo de organizar a centro-direita. Ciro Nogueira (PP) avalia que a decisão precisa ser tomada neste ano caso o projeto seja apoiar Tarcísio ou o governador do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).
Ratinho e outros nomes cotados para suceder Bolsonaro não enfrentam o mesmo risco de Tarcísio. Assim como o paranaense, Ronaldo Caiado (União) e Romeu Zema (Novo) estão no final do segundo mandato e terão que se desincompatibilizar independentemente do cargo que decidirem disputar em 2026.
Um segundo ponto é que Tarcísio e seu entorno também acreditam que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recuperará parte da popularidade perdida e chegará como favorito na eleição.
Essa avaliação reforça a disposição do governador em disputar a reeleição em São Paulo. Por fim, há também o peso da opinião da família do chefe do Executivo estadual, que está bem adaptada à capital paulista e não gostaria de passar por mais uma mudança de cidade no momento.
Bolsonaro tem enviado sinais dúbios sobre Tarcísio. Ele disse no mês passado que o chefe do Executivo paulista é fenomenal gestor e um bom político, e não excepcional, acrescentando que Zema e Caiado também são bons nomes. A declaração não caiu bem no Palácio dos Bandeirantes.
Há também o desejo do governador de ver projetos de médio e longo prazo lançados por ele se concretizarem. Desde que assumiu, Tarcísio lançou um pacote de concessões e parcerias público-privadas na área de transporte e infraestrutura. Para 2025, estão previstos um total de 11 leilões.
As pesquisas mais recentes apontam Tarcísio como favorito na corrida pelo governo de São Paulo. A oposição caminha para lançar o ex-governador e ministro do Empreendedorismo Márcio França (PSB), que também serviria como palanque de Lula em São Paulo.
Como mostrou o Estadão, aliados do ministro acreditam que Tarcísio é forte demais para ser batido na eleição paulista, mas que há chance de vitória se o governador sair para disputar a Presidência. Neste caso, quatro nomes disputam o posto de candidato governista: o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), o secretário de Governo, Gilberto Kassab (PSD) e o presidente da Alesp, André do Prado (PL).
Comentário nosso – O governador de São Paulo tem fortes razão para preferir concorrer à reeleição ao governo de São, onde ele tem tudo para ser reeleito. Para isso não precisa se afastar do governo. E para ser candidato a presidente tinha que se afastar e ficar dependendo de uma decisão de Bolsonaro, tentando ele mesmo ser o candidato ou indicar alguém da própria família, para ficar mandando. Claro que Tarcísio Dias seria um forte candidato a presidente mas não pode ficar dependendo da vontade de Bolsoanro, podendo depois ser escanteado. (LGLM)