Uma luz à direita (confira comentário nosso)

By | 11/05/2025 8:25 am
Imagem ex-librisDiferentes jornalistas reportaram nos últimos dias uma iniciativa louvável do ex-presidente Michel Temer: ele trabalha para unir os cinco governadores que já manifestaram ambições presidenciais em torno de um projeto único, que funcione como alternativa à polarização protagonizada por Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Batizada de Movimento Brasil, a iniciativa busca redefinir a direita brasileira num cenário sem o seu maior líder, hoje inelegível e a caminho de ser julgado e possivelmente preso pela tentativa de golpe de Estado. É uma forma de concretizar o que, neste momento, parece ser uma tarefa tão difícil e arriscada quanto necessária, isto é, projetar uma direita sem Bolsonaro, ancorada em torno de ideias comuns capazes de unir parcela do País e os governadores Tarcísio de Freitas (São Paulo), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Junior (Paraná).

Se avançar, o movimento terá dois méritos especialmente relevantes: de um lado, atender aos clamores de uma parte significativa dos brasileiros que está cansada de Lula e Bolsonaro e dos tempos destrutivos protagonizados por ambos; e, de outro, consolidar o que se espera de uma direita adequada aos novos tempos, democrática, republicana, moderada, qualificada e liberal – tudo o que o bolsonarismo não é. É uma possibilidade, como se disse, difícil e arriscada em razão da arapuca que Bolsonaro montou para os governadores, na qual qualquer liderança que pretenda herdar seus votos precisará estar umbilicalmente ligada a ele e afinada com o bolsonarismo raiz. Como se sabe, o ex-presidente e seus filhos trabalham para que eventuais herdeiros rezem o seu credo com fidelidade absoluta.

O movimento de Michel Temer propõe algo diferente. Engenhoso, sugere que cada um dos governadores leve adiante sua pré-candidatura, sem atacar os demais. Juntos, eles bancariam um programa de governo que represente ideias com as quais o grupo concorda. A definição de quem, afinal, comandaria o programa se daria somente ao longo do primeiro semestre de 2026. Cauteloso, Temer concebeu um calendário que, realisticamente, ao mesmo tempo afasta e preserva Bolsonaro, ao levar a definição de um nome para quando avançarem os desdobramentos do julgamento em curso no Supremo Tribunal Federal, enquanto simultaneamente evita que a direita trabalhe à mercê do bolsonarismo mais empedernido.

É verdade que, para o bem do Brasil, qualquer candidato da direita deveria cumprir a obrigação moral de condenar o golpismo e o extremismo que Bolsonaro representa. Mas também é verdade que, a essa altura, seria ingenuidade acreditar que o farão sem consequências eleitorais. Foi movido por esse cálculo – indesejável mas, vá lá, compreensível – que o favorito deles, Tarcísio de Freitas, equilibrou-se até aqui entre a enfática defesa do ex-presidente liberticida e a condição de moderado e democrata. Como este jornal já notou, Tarcísio parece ter feito o cálculo de que estar com Bolsonaro não necessariamente tiraria votos do eleitorado anti-Lula e anti-PT, mas afastar-se do ex-presidente o inviabilizaria entre os mais fiéis do bolsonarismo. Candidato ou não em 2026, ele sabe que a direita precisará acenar para Bolsonaro.

Os dois líderes políticos mais populares da história recente, Lula e Bolsonaro foram incapazes de usar sua popularidade para inspirar, em seus governados, como faria um verdadeiro estadista, o reconhecimento dos valores e aspirações comuns que nos unem como brasileiros. Ao contrário, foram hábeis em usar o dissenso como arma eleitoral, obliterando princípios que deveriam orientar a democracia brasileira, como a liberdade política e o pluralismo. O resultado está no sentimento popular: segundo pesquisa Genial/Quaest de março, mais da metade dos brasileiros preferiam um outro nome para liderar o País. Isso não significa, por ora, que haja espaço eleitoral para uma terceira via, mas certamente pede novas escolhas.

Enquanto a esquerda segue gravitando em torno de Lula da Silva, a direita tem a chance, com o movimento proposto por Michel Temer, de não só fortalecer um nome longe do clã Bolsonaro e do radicalismo como também ancorá-lo em torno de um projeto de país. Só em ensejar tal debate já torna importante sua iniciativa.

Comentário nosso – Excelente esta iniciativa do ex-presidente Michel Temer, que esperamos prospere e progrida. O Brasil precisa se livrar desta disputa que não leva a nada: Lula x Bolsonaro. Estão ultrapassados, só pensam nos próprios interesses partidários e não ligam o mínimo para o interesses do pais. Temos alguns bons nomes entre os pretendentes à presidência que podem empolgar o eleitorado, principalmente Tarcisio Freitas (São Paulo) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), além de Ronaldo Caiado (Goiás), Romeu Zema (Minas Gerais) e Ratinho Junior (Paraná), que correm por fora. Dentre eles poderemos ter uma chapa altamente competitiva para enfrentar Lula e alguém do clã Bolsonaro se este persistir em lançar candidato próprio. Alías, o surgimento de uma forte chapa de oposição poderá fazer Bolsonaro, inelegível, desistir de querer bancar alguém “tirado do seu bolso”!, para ele manobrar como quiser. O que seria um desastre paara o país. (LGLM)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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