CPMI do INSS estará a serviço da guerra política, das redes sociais e das mazelas do Congresso (confira comentário nosso)

By | 18/05/2025 7:08 am

Uma CPMI vai varar o segundo semestre e se embolar com o julgamento do golpe de Estado no STF, a cúpula dos Brics no Rio e até com a COP 30, com o Congresso afundando nas suas próprias picuinhas

 

(Eliane Cantanhêde, no Estadão, em 17/05/2025)
Foto do author Eliane CantanhêdeEste nosso 2025 está de amargar. Não bastassem a perversidade de Donald Trump, a guerra sem fim na Ucrânia e o aniquilamento de Gaza, o ambiente no Brasil se deteriora perigosamente numa polarização insana em que os dois lados se autodestroem e preocupam o País. Assim, o primeiro caso da gripe aviária chega na pior hora e o que menos interessa na criação de uma CPMI do INSS é justamente o interesse nacional.

Um dado particularmente cruel é o efeito da crise aviária no Rio Grande do Sul, mas o impacto é nacional. O embargo ao frango brasileiro começou com China, União Europeia, Argentina, Uruguai e Chile e continua, com perdas que podem atingir US$ 200 milhões e neutralizar a expectativa de uma supersafra de 326 milhões de toneladas na agricultura. Alegria de pobre dura pouco.

Agência do INSS em Copacabana zona sul do Rio de Janeiro
Agência do INSS em Copacabana zona sul do Rio de Janeiro Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Como tanta insegurança externa e interna, o que o Brasil lucra com uma CPMI sobre o INSS, que dará palanque a uma disputa política em que nenhum dos lados tem a ganhar? Será um perde e perde, expondo uma roubalheira que o governo Bolsonaro fingiu não ver, explodiu no governo Lula e foi atacada em 2025. E mais: uma CPMI vai expor um Congresso caro e atolado em privilégios e disputas mesquinhas.

Estamos em maio e o que foi votado de relevante na Câmara e no Senado? A conclusão da reforma tributária? Políticas para transporte, educação, ambiente? O pacote da Segurança? A PEC dos militares, contra a política nas Forças Armadas? E a regulamentação das redes sociais? Só quando o “especialista em censura” da China chegar?

O que importa no escândalo do INSS é investigação implacável da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União, compensação eficiente de quem foi lesado, punição das entidades fraudadoras e prisão e bloqueio de bens dos criminosos. Além de uma revolução interna na fiscalização e na própria gestão do órgão. A corrupção é parte das mazelas. E a fila do INSS? Os 2,7 milhões à espera de seus direitos?
Uma CPMI não contribui em nenhuma dessas frentes, só vai consumir a (já baixa) energia do Congresso na guerra política e gerar muito material para as redes sociais baterem bumbo para o seu lado, atacarem o lado adversário e desacreditarem ainda mais a política, os políticos, as instituições e, em última instância, a democracia.
Há, ainda, a questão temporal. Uma CPMI na ribalta, sob holofotes, vai varar o segundo semestre e se embolar com o julgamento do golpe de Estado no STF, a cúpula dos Brics no Rio e até com a COP 30 em Belém. Uma barafunda, um pandemônio, com o Congresso afundando nas suas próprias picuinhas e na sua própria lama. E o País, como fica?
Comentário nosso – A situação do Congresso Nacional é um caso típico de “raposa tomando conta do galinheiro”.  A invés de defender os interesses do país como um todo, a maior preocupação dos nossos parlamentares tem sido defender os seus próprios interesses. E o país “que se lixe”. Modificam a distribuição das emendas parlamentares ao seu bel prazer no sentido de garantirem as suas maracutaias. Modificam a distribuição do número de deputados de modo a garantirem que as vagas não seja diminuidas para os Estados quer perderam população, em favor dos que ganharam população. Simplesmente fizeram uma lei para que ninguém perca vagas e os mais populosos ganhem mais vagas. Ou seja com mais gente para “mamar”. (LGLM)
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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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