Bolsonaristas ajudam a esfriar no Senado opção à anistia do 8/1 só para pessoas comuns

By | 30/05/2025 9:55 am

Projeto fica sem perspectiva após autoridades avaliarem baixo interesse de bolsonaristas em texto que não iria beneficiar ex-presidente

Thaísa Oliveira, Cézar Feitoza e Bruno Boghossian, na Folha, em 29/05/2025)

A discussão aberta pelo presidente do Congresso NacionalDavi Alcolumbre (União Brasil-AP), junto a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) para uma alternativa à anistia aos golpistas do 8 de Janeiro perdeu tração e o projeto não tem nenhuma perspectiva de ser apresentado.

Autoridades envolvidas na articulação afirmam que a discussão foi esvaziada pelos próprios bolsonaristas, uma vez que a oposição baixou a pressão por anistia e passou a mirar outros assuntos, como a criação de uma CPI sobre as fraudes no INSS.

Para o grupo, o movimento feito por Alcolumbre serviu para demonstrar que a oposição não estava preocupada em aliviar a situação de pessoas comuns, como a cabeleireira Débora Rodrigues, que ficou conhecida pela pichação de uma estátua com batom, mas sim a do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que não seria atingido pelas mudanças nessa nova proposta.

Participantes dos atos golpistas na praça dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023 – Pedro Ladeira – 8.jan.23/Folhapress

Assim que a discussão veio a público, aliados de Bolsonaro rechaçaram uma alternativa e prometeram que insistiriam no projeto de anistia ampla aos envolvidos. O próprio ex-presidente participou de uma manifestação em Brasília em defesa de uma “anistia humanitária”, no início do mês.

Segundo eles, qualquer mudança na legislação seria um reconhecimento dos parlamentares de que as penas foram fixadas em patamares elevados e que o Supremo só aplicou as leis elaboradas anteriormente pelo próprio Congresso.

De acordo com relatos, ministros também disseram a Alcolumbre que o melhor caminho para encerrar o pedido insistente por anistia seria esperar o início das progressões das penas e ir analisando a situação dos presos caso a caso.

Relator de pouco mais de 1.400 inquéritos relacionados ao 8 de Janeiro, o ministro Alexandre de Moraes decidiu tirar da prisão 33 presos —32 deles a partir de 28 de março, quando Débora, um dos símbolos pró-anistia, recebeu o benefício da prisão domiciliar.

O número inclui condenados com condenação transitada em julgado que têm problemas de saúde e outros denunciados que ainda nem sequer foram julgados.

Paralelamente a isso, integrantes do Supremo avaliaram que o coro por anistia havia ganhado fôlego porque havia um vácuo de debates no Congresso sobre outros assuntos.

Depois de meses de marasmo no Senado, Alcolumbre imprimiu maior ritmo na Casa e colocou em votação as novas regras de licenciamento ambiental, um projeto complexo que se arrastava havia mais de 20 anos no Congresso.

Uma pessoa a par da elaboração da alternativa à anistia afirma que Alcolumbre reuniu diferentes ideias, mas não fechou o texto de um projeto de lei. Uma minuta elaborada, como mostrou a Folha, previa três mudanças na chamada Lei de Defesa do Estado Democrático de Direito.

A principal alteração envolvia criar um novo tipo penal para punir aqueles que foram influenciados por uma multidão para praticar atos contra o Estado democrático de Direito —o que aliviaria as penas do que veem como a “massa de manobra” que vandalizou as sedes dos Poderes, mas não planejou.

Alcolumbre chegou a consultar alguns senadores, como Sergio Moro (União Brasil-PR) e Alessandro Vieira (MDB-SE), autor de uma proposta que também levaria à redução das penas, mas não houve a criação de nenhum grupo de trabalho, como aventado semanas atrás.

Comentário nosso – O projeto do presidente do Senado, mais uma vez, desmascara os bolsonaristas. Provando que eles não tinham a menor intenção de ajudar “os pobrezinhos” dos terroristas que depredaram os prédios do Planalto, do Congresso e do Judiciário. O que eles queriam era “livrar a cara” do frustrado capitão Bolsonaro. Como não conseguiram emplacar o seu próprio projeto, estão “tirando o cavalinho da chuva”.  Agora tentam atingir o governo Lula, com a CPI do INSS, esquecidos de que o escândalo começou no Governo Bolsoanro. Vão “quebrar a cara” outra vez. (LGLM)
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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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