Querem mesmo bagunçar: No rádio, na TV e nas ruas, PT desafia TSE e mantém Lula como candidato

By | 02/09/2018 5:50 am

 

Segundo defesa, não deu tempo de mudar programas; Haddad diz que ex-presidente segue na disputa

(Géssica Brandino , João Valadares , Marina Dias , Joelmir Tavares e Reynaldo Turollo Jr.)

 

No primeiro dia de campanha já com a candidatura de Lula indeferida, o ex-presidente ainda apareceu como o nome do PT à Presidência nos programas eleitorais e na campanha de rua de seu vice, Fernando Haddad (PT), ao longo deste sábado (1º).

 

O TSE (Tribunal Superior Eleitoral), em sessão encerrada já na madrugada deste sábado, barrou o registro do ex-presidente e decidiu que ele só pode aparecer no horário eleitoral na condição de apoiador, não na de candidato.

 

O que se viu, no entanto, foi a menção a Lula como o cabeça da chapa nos programas levados ao ar no rádio pela manhã e à tarde. No vídeo exibido no horário eleitoral da TV, no início da tarde, o partido disse que “entrará com todos os recursos para garantir o direito de Lula ser candidato”.

 

O programa televisivo não identificou explicitamente nem Lula nem Haddad como o candidato a presidente. O ex-prefeito de São Paulo, que no momento está impedido de ser apresentado na propaganda como vice de Lula, apareceu reiterando “um juramento de lealdade a Lula” e prometendo “não descansar”.

 

Na sequência, a letra do jingle dizia: “É o Lula, é Haddad, é o povo, é o Brasil feliz de novo”. O ex-presidente apareceu tanto em imagens quanto em narrações.

 

As aparições, porém, não significam que houve desrespeito à decisão do TSE, já que há questões técnicas relacionadas à veiculação das propagandas. As emissoras responsáveis por gerar os programas recebem o material a partir das 7h. Para que o conteúdo seja exibido, é necessário que chegue no mínimo seis horas antes.

 

Advogado de Lula na área eleitoral, Luiz Fernando Casagrande afirmou à Folha que não houve tempo de trocar o material das propagandas no rádio e na TV para atender à decisão da corte.

 

A coligação insiste na candidatura usando como argumento a manifestação do Comitê de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) recomendando ao Brasil que não impeça o petista de concorrer à eleição.

 

Na votação do TSE, encerrada perto das 2h, só o ministro Edson Fachin reconheceu a validade da recomendação e votou por liberar a candidatura. Os outros seis magistrados decidiram negar o registro com base na Lei da Ficha Limpa.

 

No vídeo para a TV, o PT exibiu um letreiro dizendo que “a ONU já decidiu que Lula poderia ser candidato e ser eleito presidente do Brasil. Mesmo assim, a vontade do povo sofreu mais um duro golpe com a cassação da candidatura de Lula pelo TSE”.

 

Na sequência, Lula apareceu repetindo o discurso de que está sendo perseguido, sofre uma injustiça e é inocente. O petista afirmou que passará para a história “como o presidente que mais fez inclusão social neste país” e emendou a autopromoção com uma crítica ao Judiciário.

 

“Eu sei como eu vou passar para a história, sabe? Eu não sei como é que eles vão passar. Não sei se eles vão passar para a história como juízes ou como algozes”, disse.

 

Em campanha de rua em Pernambuco, Haddad afirmou que Lula continua na disputa e falou que a coligação usará todos os recursos jurídicos possíveis “para que a soberania popular seja respeitada”.

 

O ex-prefeito disse ainda que se reunirá com Lula na segunda-feira (3) para discutir a situação e que o PT decidirá sobre a substituição de Lula em até dez dias, prazo estipulado pelo TSE para ocorrer a troca.

 

O cenário mais provável é que Haddad assuma a liderança da candidatura, com Manuela D’Ávila (PC do B) de vice. Os aliados do ex-prefeito na sigla defendem que a mudança ocorra o quanto antes, para que ele consiga se apresentar aos eleitores e vença dificuldades como o baixo grau de conhecimento no Nordeste.

 

Pela lei, apoiadores de determinado candidato podem ocupar até 25% do tempo do horário eleitoral, entendimento que deverá ser empregado para as aparições de Lula em apoio a Haddad.

 

O tribunal optou por não comentar se o PT infringiu algum ponto da decisão por causa da campanha no horário eleitoral. A justificativa foi a de que a corte não se pronuncia antecipadamente sobre casos que possam vir a ser analisados.

 

Na página do TSE na internet, a candidatura de Lula já aparece como indeferida. Haddad segue registrado como o vice.

 

A candidatura do ex-presidente foi alvo de 16 contestações de adversários e da Procuradoria-Geral Eleitoral. Lula está preso em Curitiba desde 7 de abril, depois de ter sido condenado em segunda instância na Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá (SP).

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Category: Nacionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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