Folha do sábado
Banqueiros e grandes investidores torcem para que Marina Silva assuma o lugar de Eduardo Campos como candidata do PSB à Presidência da República.
Embora o efeito dessa eventual candidatura na corrida presidencial ainda seja nebuloso, o mercado financeiro aposta que a presença da ex-senadora na disputa aumenta as chances de um segundo turno.
Este cenário tornaria mais difícil a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT).
O mercado tem o pé atrás com a presidente porque considera que seu governo interfere demais em setores-chave, como o de energia, e é fraco na gestão da economia, marcada por crescimento baixo e inflação elevada.
Com 20 milhões de votos na eleição de 2010, Marina é mais conhecida do que Campos, que apostava na parceria com a vice para conquistar eleitores. Até ano passado, quando as pesquisas incluíam seu nome, ela era a segunda mais bem colocada, à frente de Aécio Neves (PSDB) e do então candidato do PSB.
“Do ponto de vista do mercado, é ruim que Marina não saia [candidata]. Isso aumenta a probabilidade de Dilma ganhar no primeiro turno”, afirma José Márcio Camargo, sócio da Opus Investimentos.
A torcida pela ex-senadora, no entanto, tem limites. O candidato número 1 do mercado é Aécio. O papel reservado a Marina, por esse raciocínio, seria tornar a disputa mais acirrada para que o tucano vá para o segundo turno, concentrando os votos de oposição contra Dilma.
“O medo é que Marina passe Aécio. Muitos se assustam com essa ideia, mas tem gente que acha isso melhor do que a reeleição”, diz o alto executivo de um banco estrangeiro, que pediu para não ser identificado.
As ideias de Marina sobre a economia, porém, ainda são pouco conhecidas. A seu favor, na visão de parte do setor financeiro, pesa a presença de economistas considerados mais alinhados ao mercado, como Eduardo Giannetti e André Lara Resende, e empresários, como Guilherme Leal (Natura) e Álvaro de Souza (ex-Citibank).
Mesmo assim, Marina ainda é vista por muitos como uma pessoa pouco flexível e inimiga de empresários do agronegócio.
Com tantas dúvidas e indefinições, o fator Marina passa a pesar nas decisões de investimento.
A especulação da vez na praça financeira é se Marina vai ou não assumir a vaga de Campos na disputa. Se ela for em frente, começa uma segunda etapa: quem será o opositor mais forte de Dilma. A previsão é que a Bolsa continue instável, à espera da próxima pesquisa eleitoral.
Comentário do programa –
A torcida dos empresários pela candidatura de Marina, como forma de provocar um segundo turno, garante pelo menos que não faltarão doações para sua campanha. (LGLM)