E o trabalho venceu a fantasia (*)

By | 31/10/2014 8:13 am

(José Augusto Longo, no Patos Online)

Ao aceitar os maus conselhos de interesseiros amigos, assim como por não ter condições de matar dentro de si a cobiça pelo Poder, o senador Cássio Cunha Lima terminou por dar “um tiro no pé” e, sair de uma posição comado de aliado do governador Ricardo Coutinho – mesmo que um pouco distanciado -, para a condição de ter que amargar a sua primeira derrota nas urnas, episódio que muito bem poderia ter sido adiado para mais na frente, mantendo, por mais algum tempo a fama de imbatível, a pecha de líder invicto de um campeonato onde sempre se destacou na ponta da tabela. No entanto, a cobiça que o impediu de analisar com frieza o poder de penetração do seu futuro adversário diante de um eleitorado que antes dizia ser seu, terminou por causar-lhe uma decepção que não se encerra no impedimento pessoal de governar mais uma vez a Paraíba, mas, e principalmente, no ranço, na empáfia e na vaidade pessoal de quem sempre se sentiu o dono da cocada preta.

Com um programa de governo recheado de projetos não realizados, que não saíram do papel  – se é que existiram realmente – em seus quase sete anos de governo, Cássio, como se pilotasse uma nave celestial imbatível e guiada por poderosos deuses do Olimpo, flutuou, durante toda a campanha, sempre pregando o que não fez, e que prometia fazer a partir de janeiro, semeando esperanças velhas e manjadas, tentando a todo custo incutir na cabeça do eleitor, que o passar dos anos e a ferrenha luta encetada contra o seu hoje aliado Wilson Santiago, que o colocou no rol dos fichas sujas e ele olvidou em tão pouco tempo,  o fizeram amadurecer, ficar mais experiente. Mais, como “gato escaldado tem medo de água fria”, mais de um milhão de eleitores optaram por não embarcar em seu carrossel de ilusões, preferindo continuar com os pés no chão, reconhecendo os méritos de quem ao invés de prometer pura e simplesmente, passou uma campanha inteira prestando contras de serviços prestados, de trabalhos realizados, não em quase sete anos mas, em apenas três anos e oito meses de governo, mostrando realizações em todos os mais longínquos recantos do Estado, lugares onde jamais chegara a ação do Estado, nem muito menos a presença física do governador, que conheciam apenas por retratos de campanhas passadas.

Não calculou Cássio, nem muito menos os mentores da sua infeliz empreitada, que o Ricardo que ele sempre disse ter levado por seus méritos e de seus eleitores ao Palácio da Redenção, fosse capaz de andar com os próprios pés, construir, por intermédio do trabalho, sua própria liderança. Pensaram,  ele e seus correligionários mais chegados e influentes, que o povo paraibano jamais trocaria o seu sorriso fácil, suas tapinhas nas costas, pela cara feia e o jeito todo peculiar de tratar deputados e outros políticos viciados com a indiferença de quem, ao invés de falsos apoios prefere a moralidade administrativa e a convivência diária com a labuta, na construção de um estado mais humano, mais real e menos virtual.

Durante esses menos de quatro anos, Ricardo Coutinho, cara trancada e sem viver mostrando os dentes, não apenas projetou suas obras. Antes de projeta-las, criou o chamado Orçamento Participativo, onde a população de todas as regiões do Estado, em assembleias, manifestam suas opiniões, dizem das suas necessidades mais prementes. E foi por isso, que dezenas de deputados acostumados a eles próprios, atendendo suas próprias conveniências, apontarem aos governantes o que eles deveriam fazer, que a Casa de Epitácio Pessoa, em sua grade maioria rompeu com Ricardo, o que levou os seus opositores a imaginar que, sem os tais deputados feridos em seus interesses, seria uma barbada derrota-lo nas urnas, até porque quem o iria enfrentar, era verdadeiramente o oposto: ao invés da carranca, cara bonita, trunfinha bem cuidada; ao invés da dureza no trato, a tapinha nas costas, o riso fácil; ao invés da constante vigilância em benefício do erário, o seu uso perdulário, beneficiando eles próprios com favores já publicamente transparecidos durante a campanha, onde até o rateio de determinados cargos já estava estabelecido.

Mas, Ricardo Coutinho conseguiu provar através da maioria nas urnas que quem constrói e edifica é o trabalho. Que sonhar é bom, mas, que apenas sonhar não resolve e que é preciso agir, mostrar serviço. Demonstrou Ricardo que a Paraíba já havia esgotado a paciência com tantas promessas, tantos projeto fantasiosos  nunca realizados. As suas estradas, escolas profissionalizantes, canais e adutoras, melhoria na educação, na saúde, luta constante contra a violência, moralidade no serviço público, estabelecimento de data base para o funcionalismo, além de obras importantes já realizadas ou em andamento não somente nas principais cidades, mas  até nos mais recantados municípios, o tornaram dignos do voto da maioria dos paraibanos.

Que Cássio Cunha Lima, político de relevante importância para a Paraíba, volte ao Senado Federal. Exercite lá, constitucionalmente, uma oposição consciente, não deixando que a mágoa da derrota impeça-o de  carrear benefícios para o seu Estado. Não deixe jamais que a ganância pelo Poder, a presunção e a empáfia, continuem a brecar uma carreira que se prenunciava brilhante, pelos cargos já exercidos. Que a derrota nas urnas fique como lição de que as más companhias e os maus conselhos devem ser deixados de lado e que a fantasia jamais poderá derrotar o trabalho.

(josaugusto09@gmail.com)

Comentário do programa – Sem comentários. Zé Augusto disse tudo. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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