(Folha, na quinta)
Numa tentativa de barrar a ofensiva do Planalto contra sua campanha pelo comando da Câmara em 2015, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), afirmou nesta quarta-feira que sua candidatura é “real” e “irremovível”.
A declaração é um recado direto ao governo que tem procurado aliados para tentar desidratar a candidatura do peemedebista, que não conta com aval palaciano.
Com a fala, Cunha tenta assegurar que as legendas com quem tem conversado declarem apoio oficial a seu nome. Até agora, apenas o Solidariedade acertou embarque na campanha. Ele negocia ainda com PR, PSC e PTB, além de partidos nanicos, dentro da estratégia de isolar o PT.
O peemedebista planeja formalizar sua campanha em 2 de dezembro, a 60 dias da eleição do comando da Casa.
“Como tenho sentido nas minhas conversas com outros partidos que há uma cobrança sempre se a minha candidatura ficará e persistirá até o último momento, a partir deste momento, minha candidatura é irremovível”, disse Cunha. “A minha candidatura será levada ao plenário em qualquer circunstância.”
O receio dos peemedebistas e de parte dos aliados é que o governo consiga usar a reforma ministerial do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff para esvaziar a candidatura de Cunha.
Uma ala do partido atuou nesta quarta para cobrar empenho do vice-presidente, Michel Temer, que também é presidente do PMDB, a favor de Cunha. Num café da manhã para discutir a relação com a ala considerada rebelde da bancada da Câmara, o vice ouviu cobranças pela defesa do nome do líder.
“O apoio à candidatura de Eduardo é questão pacífica na bancada e queremos um posicionamento do partido. Estamos construindo uma candidatura harmônica do Parlamento com o Executivo. Não significa uma candidatura de oposição, mas também que não possa cumprir o papel constitucional do Congresso”, disse o deputado Leonardo Picciani (RJ).
Temer aproveitou o encontro com os deputados que não apoiaram a reeleição de Dilma para reclamar de declarações duras contra ele. Nos bastidores, peemedebistas afirmam que o vice tenta contornar desgastes provocados durante a disputa para permanecer no comando do partido.
Para neutralizar o desentendimento com o governo, o vice acertou com Cunha que sua campanha precisa evitar o viés oposicionista. Ele afirmou que a eventual eleição do deputado não traria problemas ao governo.
Em resposta ao PMDB, o PT pode começar a discutir nesta quinta um nome para a disputa pela presidência da Câmara. Os ex-presidentes da Casa Arlindo Chinaglia (SP) e Marco Maia (RS) são cotados. A ideia da equipe de Dilma é formar um bloco para se contrapor Cunha reunindo PP, PSD, Pros e PDT.
Comentário do programa – O PT vai fazer de tudo para impedir a eleição de Eduardo Cunha, pois sabem que ele será um “osso duro de roer” se conseguir ganhar a Mesa da Câmara. (LGLM)