(Laerte Cerqueira, colunista do Jornal da Paraíba, na quinta)
Os mentores intelectuais desse engendramento para dominar a Assembleia Legislativa nos próximos quatro anos são excelentes estrategistas. Além de buscar maioria para eleger o novo presidente, estão criando uma espécie de plano de fidelidade de 48 meses. Um enlace perfeito.
Ao amarrar a candidatura de Adriano Galdino (PSB) às pretensões de Gervásio Maia (PMDB) e de outros parlamentares, os governistas, comandados por Ricardo Coutinho (PSB), vão garantir que pelo menos 20 deputados permaneçam na base, ou melhor, tenham bons motivos para ficar lá, por todo esse tempo. Nesses dois primeiros anos, 12 parlamentares serão beneficiados com as vagas na mesa diretora e com a preferência na liderança das comissões. Terão, de alguma forma, poder, influência e instrumentos para barganhar pelos seus interesses e aspirações.
Outros 12, 10 (ou até 6, na pior das hipóteses) ficarão de stand-by à espera do revezamento. Ou seja, vão ficar como cordeirinhos durante 24 meses, sonhando com a recompensa prometida. Na prática, o governo vai conseguir eleger, numa tacada só, dois presidentes e uma maioria absoluta para aprovar todos os projetos de seu interesse, derrubar matérias da oposição, manter decisões. Ficará tudo dominado durante o tempo em que RC estiver no Palácio da Redenção.
A expectativa é que o esquema já tenha o apoio de 21 parlamentares, que nesse momento, parecem ter motivos para isso. Mas supunha que algum “gato pingado” se rebele e vire oposição. Pelas contas, não haveria problema porque o engendramento está tão bem montado que há até margem de erro.
É bom lembrar que estamos falando de uma negociação ainda no âmbito da AL. Não há dúvida que no acerto estão em jogo cargos no governo, apoios às prefeituras e lideranças do interior, compromisso com projetos e obras nos currais eleitorais. O governo mostrou que nesse segundo mandato quer a governabilidade e parece ter encontrado a fórmula para isso, uma maneira de não correr o risco de penar como aconteceu no primeiro mandato.
Comentário do programa – De longe, só vejo um problema. Quem mamar nos dois primeiros anos, se não for acalentado nos dois últimos, pode “melar” o acordo e criar dificuldades para Ricardo na reta final o seu mandato, vésperas das eleições de senador. (LGLM)