Dilma diz ao PT que ajuste permite governabilidade

By | 30/11/2014 1:04 am

Em meio a críticas do PT e de movimentos sociais pela escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, a presidente Dilma Rousseff associou na noite de sexta-feira (28) a guinada ortodoxa com escolha dos nomes da equipe econômica à governabilidade. Ao mesmo tempo, fez um apelo à “maturidade” dos petistas, que reclamam do fato de ela ter sido reeleita com um discurso – contra o corte de gastos – e agora sinalizar com uma prática oposta.

“Nós temos que tomar as medidas necessárias, sem rupturas, sem choques, de maneira gradual e eficiente como vem sendo feito. Temos que estar unidos. Eu preciso do protagonismo de todos vocês e neste protagonismo destaco o PT. O PT tem maturidade e hoje, depois de todo esse período, sabe que precisamos ter legitimidade e governabilidade”, afirmou a presidente, em seu primeiro encontro com a cúpula do partido depois da reeleição.

Dilma comemorou o fato de o País terminar o ano dentro do topo da meta de 6,5% de inflação, mas disse que não está satisfeita e que medidas devem ser tomadas. Por isso, ela desafiou o partido a renovar suas perspectivas diante das demandas econômicas.

“A conjuntura muda, a situação do País muda, as condições da economia mudam. Nós nos adaptamos às novas demandas e damos respostas a cada uma delas. Acho que esta é a grande missão do PT”, disse ela.

Por outro lado, a presidente fez afagos ao PT, garantindo que a condução ortodoxa da economia não vai afetar a essência do programa do partido. “Uma coisa deve ficar clara e ninguém deve se enganar sobre isso. Fui eleita por forças progressistas, não para qualquer processo equivocado, mas para continuar mudando o Brasil.”

Bem humorada, Dilma lembrou que, embora tenha sido eleita pelo PT, lidera uma coalizão de partidos e tem a obrigação de governar para todo o conjunto da população. “O governo não é um governo meu, no sentido que ele é só meu e eu guardo abraçadinha nele. O governo é do PT e dos partidos da nossa aliança porque nós fizemos uma aliança e dos movimentos sociais. Mas também o governo é dos que votaram em mim e dos que não votaram.” Falando para o partido, Dilma voltou a defender a reforma política, uma das prioridades da agenda petista, desta vez de forma mais objetiva.

Os dirigentes petistas consideram “coisa feita” a nomeação de Levy, economista que é discípulo de Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central e conselheiro da campanha de Aécio Neves (PSDB) fortemente atacado por Dilma durante a campanha eleitoral em razão de suas ideias ortodoxas.

Embora contrariadas, as principais correntes do partido não devem tornar públicas críticas às escolhas da presidente. Em troca, o partido vai pedir mais empenho do governo em questões caras à base petista, como o marco regulatório dos meios de comunicação, a revisão do fator previdenciário, reforma fiscal, questões trabalhistas e indígena. O PT também deve cobrar espaço mais qualificado no ministério.

A legenda já dá como certo que terá um número menor de ministérios no segundo mandato de Dilma. Conforme um importante dirigente petista, isso deve ser compensado com a indicação de “líderes capazes de fazer a disputa política nas suas áreas”. Ou seja, o PT quer um ministério mais político e menos burocrático e hermético do que o do primeiro mandato.

Embora os nomes de Levy e de Kátia Abreu – senadora do PMDB e ruralista escolhida para o Ministério da Agricultura – não agradem a setores do PT, eles dizem que “o que vai prevalecer” é o programa de governo do partido. Para driblar as críticas, os dirigentes fazem uma comparação com o primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, quando Henrique Meirelles – na época um banqueiro filiado ao PSDB – foi escolhido para o Banco Central, o “petista conservador” Antonio Palocci para a Fazenda e Roberto Rodrigues, representante do agronegócio, para a Agricultura. (As informações são do jornal O Estado de S. Paulo)

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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