Empreiteira mostra notas de propina de R$ 8,8 mi a operador

By | 30/11/2014 12:06 am

(Folha da terça)

A empreiteira Galvão Engenharia apresentou nesta segunda-feira (24) à Justiça comprovantes de que pagou R$ 8,8 milhões do que considera propina para um emissário da diretoria de serviços da Petrobras, então comandada por Renato Duque.

O engenheiro Shinko Nakandakari foi o encarregado de recolher o dinheiro como “emissário” da diretoria de serviços, segundo a Galvão. Dirigentes da área foram indicados pelo PT na época.

A Galvão já havia reconhecido ter pago R$ 4 milhões ao doleiro Alberto Youssef, que teria redirecionado o valor ao PP (Partido Progressista).

O advogado da empreiteira, José Luis Oliveira Lima, diz que a empresa foi vítima de extorsão. Segundo ele, o ex-diretor Paulo Roberto Costa ameaçava não pagar os contratos que a empresa tinha com a Petrobras se não recebesse “comissões”.

O segundo pacote de propinas, como revelou a Folha na segunda, não tinha, conforme a Galvão, relação com o esquema de Youssef e Costa. De acordo com a firma, Nakandakari exercia papel semelhante ao desempenhado por Youssef, mas em outra diretoria da estatal, a de serviços.

Foi o presidente da divisão industrial da Galvão, Erton Medeiros Fonseca, quem informou à PF o nome de Nakandakari, o mais novo personagem do escândalo, como quem recebeu a propina.

Com os documentos apresentados à Justiça, a empreiteira esclareceu que o valor correto alcançou R$ 8,8 milhões, e não R$ 5 milhões. Com isso, subiu para R$ 12,8 milhões o total que a Galvão diz ter pago a Yossef e Shinko.

Há repasses para Shinko mesmo após a Operação Lava Jato ter sido deflagrada (março deste ano). Os repasses foram feitos de novembro de 2010 a junho de 2014, com notas fiscais emitidas pela LSFN Consultoria, de Shinko e seus dois filhos. O dinheiro foi depositado em contas dos filhos.

No endereço que aparece no registro da firma, no Brooklin, em São Paulo, ninguém soube dizer se a consultoria funciona ali. A Folha procura Shinko desde domingo (23), sem sucesso.

A Galvão informou ao juiz Sérgio Moro que a propina foi paga a Shinko “com a efetiva ameaça de retaliação das contratações que a Galvão Engenharia S/A tinha com a Petrobras, caso não houvesse o pagamento dos valores estipulados de maneira arbitrária, ameaçadora e ilegal”.

Segundo a PF, a Galvão obteve R$ 3,47 bilhões em contratos com a Petrobras de 2010 a 2014 e mais R$ 4,1 bilhões como integrante de consórcios entre 2007 e 2012.

Em petição à Justiça na segunda (24), a Galvão diz que não participou de cartel.

O ex-diretor Renato Duque disse à PF que não houve pagamento de propina na época que comandou a diretoria de serviços e negou saber que o seu auxiliar, Pedro Barusco, tenha recebido suborno. Barusco fez um acordo de delação premiada e prometeu devolver US$ 97 milhões (cerca de R$ 250 milhões).

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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